Este blog pertence à Comunidade São José (Centro), de Santa Cruz do Sul (RS). Pretende ser um instrumento de evangelização, promovendo um maior conhecimento da figura e da missão de São José e apresentando temas e reflexões sobre aquele a quem Deus “confiou a guarda dos seus tesouros mais preciosos”. Que o bom São José defenda a Santa Igreja de toda adversidade, ampare especialmente a nossa Comunidade e estenda sempre sobre cada um de nós o manto da sua poderosa intercessão!

sexta-feira, 22 de julho de 2016

PRÁTICAS DE DEVOÇÃO A SÃO JOSÉ



31 DE MARÇO

- PRÁTICAS DE DEVOÇÃO A SÃO JOSÉ -


PRÁTICA DA IMITAÇÃO

A devoção a São José é de uma grande riqueza e variedade de formas. É certo que esta devoção, tão bela, nunca deve estar separada em nós da verdadeira devoção a Jesus e Maria. Façamos, pois, com que a invocação do nome do Santo Esposo de Maria e a sua lembrança, cada dia, a cada hora, em todas as circunstâncias de nossa vida sempre nos acompanhem. O conselho de Santa Teresa é de uma eficácia maravilhosa: Recorrei a São José! Confiai em São José! Nunca haveis de recorrer em vão a São José!. Pois o meio de incentivar e sustentar em nossa alma a chama de uma devoção fervorosa, é a fidelidade a algumas práticas que a experiência de alguns séculos e de tantas almas santas prova serem meios poderosos para se alcançar a proteção do maior dos santos.

Em primeiro lugar a imitaçãoGlória sanctorum imitatio eorum – a glória dos santos está na imitação de suas virtudes.

Os santos são heróis para serem imitados e não apenas admirados. É verdade que nossa fraqueza nem sempre permite chegar àquele heroísmo e aos prodígios de virtude, de penitências extraordinárias de alguns deles. São José, porém, é mestre de uma escola de santidade, bem acessível à nossa pobre alma. Ensina-nos que, para agradar e servir a Jesus, não é mister fazer prodígios. Basta ser puro e simples, cumprir fielmente o dever de cada dia, custe o que custar, aceitar pacientemente a vontade de Deus nos sofrimentos, obedecer em tudo a lei divina e ter a mais pura das intenções. São José foi pobre operário, esposo fidelíssimo, pai amoroso de Jesus. Viveu no silêncio e no trabalho. O santo do dever. Quem não o pode imitar? Se não merecemos a glória e os privilégios do grande Patriarca, podemos merecer a graça de imitá-lo. Os Santos Padres Leão XIII e Pio IX apresentam São José à cristandade como modelo a ser imitado. Modelo de pai, consolo para as mães atribuladas na luta pela educação dos filhos. Modelo para a juventude pela pureza mais do que angélica com que Deus o adornou. Modelo dos operários pela fidelidade e honestidade do trabalho santificado e nobilitado na oficina de Nazaré. Modelo para os sacerdotes, pois José participou da realeza do sacerdócio. Teve em suas mãos o Verbo Encarnado, como o sacerdote tem no altar o Verbo de Deus feito pão. As almas consagradas a Deus no claustro e em todas as variadas atividades da vida religiosa. Que modelo de perfeição evangélica, de pobreza, obediência e castidade dos santos votos!

Enfim, São José não pode ser melhor honrado, que imitado.


PRÁTICA DAS ‘DEVOÇÕES’

As práticas devotas estimulam nosso fervor. Há uma verdadeira riqueza destas práticas em honra de São José. Não é mister abraçá-las todas com prejuízo do dever, como o faz uma devoção sem critério e mal entendida. Todavia não pode haver um cristão, por mais sobrecarregado de ocupações e trabalhos pela luta da vida, que não possa cada dia invocar a São José e lembrar-se do seu Santo Patrono com qualquer prática devota, por mais simples que seja. Uma oração, uma jaculatória a São José pela manhã e à noite, uma Ave Maria em sua honra, trazer consigo uma medalha e beijá-la às vezes, uma visita à imagem de São José, uma flor, um obséquio devoto – quem não pode tomar qualquer destes pequenos atos de devoção e ser fiel a eles?

Da devoção a São José como da devoção a Maria pode-se afirmar o que dizem os Santos Padres, e a experiência o tem provado mil vezes: nada ficará sem recompensa, e o mais poderoso dos santos e o mais terno dos pais jamais deixará de socorrer um dos seus devotos, seja o maior e o mais miserável dos pecadores. Quantos prodígios, conversões e milagres se contam como frutos, às vezes, de pequeninas e singelas práticas de devoção a São José?

Celebremos cada ano, com todo fervor, as duas festas litúrgicas do Santo Esposo de Maria: a de 1.° de Maio e a do Patrocínio. Uma novena bem fervorosa e pelo menos uma santa comunhão e a assistência à Santa Missa. Todas as quartas-feiras, se pudermos, recitemos as Sete dores e sete alegrias. Que prática tão eficaz para obter a proteção do céu! Seja, cada quarta-feira, o “nosso dia” de São José. Façamos, neste dia, alguma esmola, alguma boa obra em honra do grande santo. Incentivemos no seio da família esta devoção, procurando ter em lugar de honra, também entronizada no lar, a imagem de São José ou da Sagrada Família. Os pais transmitam aos filhos a herança de uma fervorosa devoção a São José. Não desprezemos, por respeito humano, qualquer meio que nos leve a cultivar esta rica e bela devoção. O escapulário de São José, hoje tão propagado e miraculoso, por que não o procurar e trazer ao peito? Ou o cordão bento, de que falamos? Enfim, tudo quanto nos leve a uma união estreita de amor e fidelidade ao querido e poderoso São José, não desprezemos; não façamos como estes  “espíritos fortes”  ou como estes modernos cristocêntricos que se afastam de Maria, dos santos e das práticas devotas da tradição católica por orgulho ou por uma falsa compreensão desta verdade, desta realidade consoladora: Tudo a Jesus por Maria, tudo a Maria por José!


EXEMPLO

- São José e os viajantes -

O piedoso fundador Pe. Chevalier invocava a São José em todas as dificuldades e aflições, e nunca foi desiludido em sua grande confiança.

Celebrava-se a festa do Patrocínio de São José e o santo homem viajava na Espanha, em trabalhos apostólicos. Dirigia-se para Madrid atravessando a montanha perigosa de Mala Cabrera. Esta montanha era famosa pelos enormes crimes de bandoleiros e salteadores que a infestavam. Era toda semeada de cruzes a indicar mortes, tragédias e assassinatos. No mais perigoso trecho – de um lado a montanha íngreme e de outro um abismo –, dois bandidos assaltaram o carro do Pe. Chevalier. Um segura as rédeas do animal e o outro, de pé no rochedo, ameaça e exige dinheiro e malas. O bom padre estremece, mas não perde a confiança em São José. Recomenda-se fervorosamente ao Santo Protetor, abre a bolsa, tira duas moedas de prata e entrega-as ao bandido. Este sacode a cabeça, hesita, sorri, ordena ao outro que largue as rédeas dos animais, despedem-se e desaparecem ambos pela montanha.

O padre, salvo pela proteção de São José, narrava este prodígio, profundamente grato.

Outro sacerdote, desde o dia de sua ordenação, consagrava-se a São José ao empreender qualquer viagem. Dizia, após longos anos de vida:

- Nunca deixei de experimentar a doce proteção deste Santo Patrono, nos maiores perigos e nas situações mais angustiosas. Estive diante da morte iminente por duas vezes. Vi mortes ao meu lado e escapei ileso, graças a São José.


Marinheiros contam, maravilhados, graças do céu nos perigos de viagens e nas tempestades, graças essa obtidas pela invocação de São José.

JESUS, MARIA, JOSÉ



30 DE MARÇO

- JESUS, MARIA, JOSÉ -


A TRINDADE TERRESTRE

Jesus, Maria, José! Três nomes benditos, a trindade da terra, imagem viva e perfeita da Santíssima Trindade do céu! Tudo quanto se escreva e diga desta augustíssima trindade é pouco. Nem a teologia, a ciência, a arte e a razão humana, diz o Padre Cantera (‘San José en el Plan Divino’), bastam para explicar a excelência desta sociedade única na terra. Jesus, Maria e José são as três fisionomias divinas que constituem e exprimem a ordem sobrenatural, os três seres humanos que, por seus dons naturais, coroam e integram a criação. São o ideal da verdade e da virtude nos céus e na terra. São o céu na terra, o eterno no tempo, Deus no mundo. Jesus, Filho de Deus, Maria, Mãe de Jesus, José, Esposo de Maria e Pai de Jesus. Existe porventura algo maior, mais sublime, mais excelso, mais divino? A Sagrada Família resume os pensamentos eternos de Deus; as maravilhas do seu poder, as efusões do seu amor. É o centro do plano divino e também o seu princípio e o seu termo: Três, diz São João, os que dão testemunho no céu: o Padre, o Verbo e o Espírito Santo. Os três são um (Epist. – I, V, 7).

De certo modo também podemos afirmar, diz o piedoso Pe. Sauvé (‘Saint Joseph intime’), que são três os que dão testemunho na terra: Jesus, Maria e José, e os três são uma só alma e um só coração. Bem podemos saudar em todas as uniões angélicas, em todas as uniões santas da terra, em todas as amizades santas e puras as pálidas mas admiráveis figuras daquela união, daquela amizade superangélica de Maria e de José, e por meio dela a união adorável do Verbo e da sua Humanidade. Jesus, Maria e José! São três corações inseparáveis; formam uma sociedade única e individual, uma família completa. Era uma família digníssima, comenta Cornélio Alapide, uma família celestial na qual o chefe e pai de família era São José, mãe de família a Virgem e o filho Jesus Cristo (In cap. I, Mat. V, 16).

O Pai Eterno deu a José os direitos de Pai sobre o seu Filho Unigênito, o fez participante da Paternidade Divina. O Filho, Jesus Cristo, o chamou de Pai e o Espírito Santo o escolheu para esposo de sua Esposa. São José, depois de Maria, é a criatura mais unida à Santíssima Trindade. Dois mistérios: um celeste e um terrestre. O mistério da Trindade Santíssima: Padre, Filho e Espírito Santo; e o mistério terrestre: Jesus, Maria e José. Duplo penhor de amor e misericórdia para com os homens, diz um autor ( P. Mercier – ‘Saint Joseph’): O primeiro, preparado na eternidade – Padre, Filho e Espírito Santo. O segundo, no templo – Jesus, Maria e José! O que Deus uniu não se pode separar. Não separemos, então, em nosso amor e devoção, Jesus, Maria e José.


NAS ESCRITURAS

O Evangelho nos mostra como estavam sempre unidos Jesus, Maria e José. O Espírito Santo não separa, em muitas passagens, esses nomes benditos. São Mateus descreve a genealogia do Salvador: Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus (Mat. I, 16).

O anjo apareceu em sonhos a José, dizendo: José, Filho de David, não temas receber Maria tua Esposa, porque o que nela nasceu é do Espírito Santo (Mat. II, 20). Aí estão Jesus, o que nasceu do Espírito Santo, José e Maria.

Os pastores vieram depressa a adorar o recém-nascido de Belém. E o Evangelista diz: Os pastores vieram depressa e encontraram Maria, José e o Menino colocado no presépio (Lucas II, 16).

Vieram depois os reis do Oriente e encontraram Maria, o Menino e José: Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe, e vai à terra de Israel (Mat. II, 13).

Mais tarde, diz ainda o Evangelista: Desceu Jesus com Maria e José e veio à Nazaré e lhes estava submisso (Lucas II, 51).

Enfim, as Escrituras Sagradas unem os três nomes: Jesus, Maria e José. Não é a voz do Espírito Santo a nos dizer que nunca separemos em nosso amor os nomes da Trindade terrestre, imagem da Trindade celeste? Piedosos e eruditos autores, como Lépicier, Vives y Tuto e outros, encontram, nas Escrituras, tocantes e belos símbolos da Trindade terrestre. No paraíso terrestre, onde nossos primeiros pais viveram na inocência e na santidade, estava plantada a Árvore da vida regada pelas águas; era guardado o jardim por um anjo. Maria é o Paraíso, Jesus, a Árvore da vida, e José, o Querubim que guardava o Paraíso e a Árvore.

Maria é a Pomba mística da Arca de Noé; Jesus, o Ramo de oliveira, e José, o verdadeiro Noé que introduziu na arca deste mundo Maria e Jesus, Ramo de oliveira da paz, o Príncipe da paz. Se José é a raiz de Jessé, Maria é o ramo, Jesus a flor. Se Maria é comparada à lua, ut luna, e Jesus o Sol da Justiça, José é a estrela. Se Jesus é a Arca do Novo Testamento, Maria é o Santo dos santos e José o Véu que oculta no templo a Arca Sagrada, pois não foi ele o véu no mistério da Encarnação? Jesus é o Propiciatório do Novo Testamento; Maria e José os dois Querubins que estendem sobre a Arca as asas do seu amor ardente. Exclamava o piedoso Gerson: Ó bela, amável e Santa Trindade de Jesus, Maria e José! Unidos pelo amor inviolável e sublime, sois dignos verdadeiramente dos louvores, oferendas e adorações do céu e da terra.

Jesus, Maria e José! Nomes de majestade e de glória!

Felizes, na vida e na morte, os que sempre os invocam!


EXEMPLO

- São José protege a infância -

Em 1631 abriu-se uma vasta cratera no Vesúvio, formando uma onda enorme de fogo e de cinzas. Como um rio que transborda, a lava abrasadora cobre as aldeias vizinhas e, sobremaneira, o lugar chamado ‘Torre del Greco’. Neste vilarejo residia uma piedosa mulher chamada Camila. Distinguia-se pela devoção a São José. Morava com ela uma criança de cinco anos, seu sobrinho, chamado José. Para fugir à onda de fogo, tomou nos braços o pequenino e se pôs a correr desesperada. Entretanto, chega um instante em que se vê na iminência de perecer. De um lado, um rochedo enorme, e do outro, o mar. Ou se atirava na água e morreria afogada, ou seria consumida pela onda de fogo que se aproximava rapidamente. Lembrou-se, nesta hora aflita, do seu grande protetor e não perdeu a confiança.

- Meu São José, brada ela, não me importa a vida! Salvai, porém, esta criança, que traz vosso nome.

E, sem mais esperar, deixa a criancinha sobre uma rocha e se atira para o lado do mar. Por felicidade caiu numa praia estreita, aonde uma camada de areia branca a protegeu. Apesar da altura em que se precipitou, não se feriu. Estava salva! E a criancinha? Foi então que, no auge da dor, gritava:

- Pobre criança! Devorada pelas lavas!...

Chorava ainda quando ouviu chama-la. Era a voz do pequenino José, são e salvo, alegre, a pular na areia.

- Meu filho! Meu filho! brada Camila, apertando contra o peito a criança. Como escapou do fogo e da morte?

- São José me salvou. Aquele São José a quem rezamos todos os dias. Apareceu-me, tomou-me pela mão e aqui cheguei.


O fogo havia passado pelo rochedo. Era impossível a criança ter se salvado sem um milagre. Camila mais de uma vez aí mesmo se prostrou com o pequenino para agradecerem, comovidos, a incomparável graça alcançada por São José.

O CORDÃO DE SÃO JOSÉ



29 DE MARÇO

O CORDÃO DE SÃO JOSÉ -


ORIGEM

Foi no século XVII, em Anvers, Bélgica, no convento das Agostinhas.

Ia já para três anos que Soror Isabel Sillevorts via-se atacada do mal-da-pedra.

Dores lancinantes, espasmódicas!

Os recursos da medicina, últimos e mais enérgicos, baldados!

Animada pela mais firme confiança no Patrocínio de São José, Soror Isabel, havendo obtido do sacerdote que lhe benzesse um cordão, cinge-o em homenagem ao grande Patriarca, abandona os recursos da terapêutica e enceta com todo o fervor uma novena de súplicas ao Esposo puríssimo a Virgem Mãe de Deus, certa de que seria por ele ouvida e curada.

Dias depois, a 10 de Junho de 1649, quando, por entre os estertores de agudíssimo sofrimento, a pobre fazia ao santo a mais ardente súplica, eis que de repente se vê livre de um cálculo de desproporcionadas dimensões e completamente curada.

Grande e rápida foi a repercussão do milagre, que muito serviu para consolidar nos habitantes de Anvers a devoção a São José, então já bastante espalhada.

Mais tarde, a 3 de Janeiro do ano seguinte, lavrou-se disso uma ata autenticada pelas assinaturas da Madre Priora do Convento, Soror Maria Martens, de Soror Catarina Martens, a enfermeira da Comunidade, e da própria agraciada, Soror Isabel de Sillevorts.

Em 1842, por ocasião dos piedosos exercícios do mês de São José, foi esse fato publicado na Igreja de São Nicolau, na cidade de Verona (Itália), e muitas pessoas enfermas, cingindo-se com o cordão bento, experimentaram o valioso auxílio do glorioso Patriarca.

Daí se foi estendendo o uso do cordão de São José; e, hoje, não só é procurado para alívio de enfermidades corporais como também, e com igual sucesso, em os perigos da alma.

Salienta-se, sobremodo, o benefício do cordão de São José como arma poderosa contra o demônio da impureza.

A Santa Sé autorizou a devoção do cordão de São José, permitindo até o seu uso público e solene.

Permitiu a fundação de Confrarias e Arquiconfrarias do Cordão de São José, elevando uma delas à categoria de Primária.

Em Setembro de 1859, dando provimento a uma petição do bispo de Verona, a Sagrada Congregação dos Ritos aprovou a fórmula da Bênção do Cordão de São José.

O Papa Pio IX enriqueceu esta fácil e benéfica devoção com várias indulgências plenárias e parciais.

Por Brevê de 26 de Agosto de 1864, o Santo Padre concedeu ao Diretor da Confraria de Beauvais, bem como a todos os Diretores de Arquiconfrarias e Confrarias filiais, a faculdade de benzer cordões de São José, usando sempre a fórmula aprovada pela Sagrada Congregação dos Ritos a 19 de Setembro de 1859.

O cordão de São José deve ser feito de linho, ou algodão bem alvejado.

A pureza e alvura desses materiais nos há de indicar a candura e virginal pureza de São José, castíssimo Esposo da Virgem Mãe de Deus, Maria Santíssima.

Numa extremidade leva sete nós, que representam as sete dores e os sete gozos do glorioso Patriarca.

Por fim, deve ser bento, com a bênção própria, por um sacerdote que tenha faculdades para isso.

O cordão de São José, desde que esteja devidamente bento, pode ser usado do seguinte modo:
1.° - Tê-lo bem guardado, para, por ocasião de dores e sofrimentos físicos, aplicá-lo com fé e confiança em a parte enferma do corpo, como costumamos fazer com medidas do Senhor Bom Jesus e de Nossa Senhora.
2.° - Para se implorar um constante Patrocínio de São José, especialmente na guarda e defesa da sublime virtude da castidade, em qualquer de seus três graus e categorias, se o trará constantemente cingido.
3.° - Finalmente, fazer dele um uso público e solene, trazendo-o em atos religiosos, como distintivo da Confraria ou Arquiconfraria canonicamente ereta.


A BÊNÇÃO DO CORDÃO DE SÃO JOSÉ

É das maiores e mais belas do ritual, a bênção do cordão de São José. Pode-se avaliar o tesouro desta devoção pelas expressões.

Um cordão é coisa, em si, sem valor, insignificante.

Mas se o sacerdote vem e lhe derrama as bênçãos da Igreja, ei-lo que se tornou um desses objetos sagrados que contêm virtudes do alto para nos favorecer a alma e o corpo.

Pelas preces e bênçãos da Igreja, Deus Nosso Senhor fez dele um sinal, um instrumento, um veículo, direi quase, da proteção de São José.

Avivada a nossa fé no poder da Igreja pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo e no Dogma da Comunhão dos Santos, despertada a nossa confiança no valioso auxílio de São José, obedecemos sem dificuldade às prescrições da devoção do cordão de São José. Em recompensa receberemos do céu os favores espirituais e corporais que São José no-los alcança.

São belíssimas as orações da bênção do cordão de São José.

Para que todos possam conhecer-lhes a beleza, deixo-as aqui transladadas do latim em linguagem portuguesa.

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Revestido de sobrepeliz, cuja alvura representa a pureza da alma que todo o sacerdote deve ter, e trazendo ao pescoço a estola da imortalidade, símbolo do poder eterno que Jesus lhe conferiu pelo Sacramento da Ordem, o sacerdote começa a bênção declarando que seu poder está em Deus, e diz:
V.      Nosso auxílio está em nome do Senhor.
R.      Aquele que fez o céu e a terra.
V.      O Senhor esteja convosco.
R.      E com o vosso espírito.

Oremos
Senhor Jesus Cristo, que inculcas conselhos e amor da virgindade e dais preceito da castidade, rogamos à vossa clemência se digne abençoar e santificar esses cordões, senha de castidade, para que todos os que com ele se cingirem no intuito de bem guardar a castidade, por intercessão de São José, esposo de vossa Mãe Santíssima, consigam manter uma castidade que Vos seja agradável, obedecer a vossos mandamentos, alcançar perdão de seus pecados e obter a vida eterna. Vós, que viveis e reinais com Deus Padre em união com o Espírito Santo que é Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

Oremos
Dai, vo-lo pedimos, ó Pai Eterno todo-poderoso, que venerando a integérrima virgindade da puríssima Virgem Maria e do seu esposo São José, por intercessão deles consigamos a pureza da alma e do corpo. Por Jesus Cristo Senhor nosso. Amém.

Oremos
Ó Deus todo-poderoso, que aos cuidados de São José, varão castíssimo, entregastes a puríssima sempre Virgem Maria e o Menino jesus, suplicantes vos exoramos que os fieis que, em vossa honra e sob proteção do mesmo São José, cingirem estes cordões, por vossa generosidade e por intercessão dele, perseverem na castidade sempre e devotamente. Pelo mesmo Jesus Cristo vosso Filho, que convosco vive e reina em unidade com Deus Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.

Oremos
Ó Deus, restaurador e amigo da inocência, nós Vos pedimos que os vossos fieis que fizerem uso destes cordões, pela intercessão do bem-aventurado José, esposo da vossa Mãe Santíssima, estejam sempre cingidos nos rins e tenham nas mãos lâmpadas acesas e sejam como os servos que esperam que o Senhor volte das bodas, para Lhe abrirem a porta logo que chegar e bater, e mereçam ser recebidos nas alegrias eternas. Vós, que viveis e reinais nos séculos dos séculos. Amém.

Havendo antes posto incenso no turíbulo, o sacerdote borrifa com água benta os cordões, dizendo aquela súplica de David no Salmo 50, que reza:

Vós me aspergireis com o hissopo e serei purificado: Lavar-me-eis e me tornarei mais branco que a neve.

A água benta, com que se asperge, dá aos cordões a virtude de afugentar os demônios e frustrar-lhes as artimanhas, como pede a Deus a Igreja na bênção da água.

Depois incensa os cordões.

Como o fumo aromático do incenso sobe em aspirais, perfumando o ambiente, assim as orações sobem até Deus, que ouvindo-as nos perfuma a alma com sua graça.

Feito isso, o sacerdote continua, dizendo:

V.      Fazei salvos a vossos servos.
R.      Que esperam, meu Deus, em Vós.
V.      Do alto, Senhor, mandai-lhes auxílio.
R.      E guardai-os lá de Sião.
V.      O Senhor esteja convosco.
R.      E com o vosso espírito.

Oremos
Deus de misericórdia, Deus de clemência, a quem tudo o que é bom é grato, sem quem nada de bom tem princípio nem nada se faz de bom, ouçam os ouvidos de vossa piedade as nossas preces humildes, e aos fieis que em vosso Nome Santo trouxerem, sob a proteção e em honra de São José, o cordão bento, defendei-os dos empecilhos do mundo, ou dos desejos do século; concedei-lhes que, perseverando devotos neste propósito, remidos, consigam penetrar no consórcio de vossos eleitos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina em unidade com o Espírito Santo que é Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

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De orações tão sublimes, e que fazem o Ritual da bênção do cordão de São José, com muita clareza se vê a poderosa arma que ali temos contra o demônio da impureza.

Propaguemos o uso devoto e piedoso do cordão de São José.

Com esse meio tão fácil e tão benéfico procuremos o saneamento moral da sociedade, cuja chaga mais cancerosa e deletéria é hoje, sem dúvida, o vício da volúpia ou desonestidade nas suas várias formas de degradação pessoal e da família.

Guerrear o vício da impureza e empenhar-se pela virtude da castidade, é servir a Deus e salvar a Pátria.

(Frei Ângelo M. Bom Conselho, ‘O Cordão de São José’)


EXEMPLO

- A caneta de São José -

As Irmãs da Caridade de uma Congregação fundada pela Venerável Madre Seton estabeleceram, sob a direção de uma santa religiosa, Madre Maria Irene, uma casa em Nova York, destinada a receber e amparar crianças abandonadas.

O edifício é hoje dos maiores e ocupa um quarteirão todo entre a Lexington Avenue e a Terceira Avenida. Ali são amparados centenas de pobrezinhos. E, no entanto, esta obra grandiosa começou humilde e pobre. Em breve, Irmã Irene resolveu levantar o grandioso edifício. Confiou a obra a São José e esta chegou a ser uma realidade. Porém, como sustentar tantos pobres orfãozinhos? Havia enormes dívidas da construção. Os pedidos de proteção a crianças abandonadas chegavam todos os dias. Confiadas em São José, iam recebendo órfãos. Lembraram-se as Irmãs de pedir ao governo do Estado de Nova York uma subvenção anual e uma verba extraordinária de auxílio. Escreveram da Albay, sede da Assembleia Legislativa do Estado, que o pedido não passaria na Assembleia, porque não eram poucos os deputados protestantes, e estes se opunham ferrenhamente ao projeto. A situação era grave. Não era possível contar com os votos da maioria. O Partido protestante se opunha tenazmente e outros homens da Assembleia não olhavam a causa com bons olhos, já por espírito maçônico e liberal, já por grandes preconceitos contra a educação católica. Não se podia esperar que o bill fosse aprovado. Nessas circunstâncias, Madre Maria Irene, devotíssima de São José, alma simples e confiante, foi ao salão principal onde se venerava uma linda imagem do santo em tamanho natural e lhe disse, com doce ingenuidade: Meu querido São José, o projeto há de passar na Assembleia! Vós não haveis de desiludir minha confiança em vossa proteção. Vede os pobres órfãos da vossa casa e tantos outros que preciso amparar! Não é possível, meu São José, seja eu desamparada! Como hei dar comida e roupa a tanta gente? Valei-me, meu São José! O bill há de ser aprovado!

E, ingenuamente, coloca na mão da imagem uma caneta com a pena molhada em tinta.

- Aqui ficará nas vossas mãos, meu São José, esta caneta, até que o projeto seja assinado.

Toda gente que passava pelo vestíbulo sorria, ao ver São José de caneta entre os dedos.

Durante um mês, seguramente, a imagem trazia a caneta, com admiração geral.

Numa tarde, as religiosas em recreio, num pátio junto ao vestíbulo, ouviram o barulho da caneta que tombou no soalho. Madre Irene foi busca-la e disse, radiante:

- São José nos ouviu! Fomos atendidas. Tenho plena confiança!

De fato. Uma hora depois, chegava à portaria um telegrama de Albany: “O bill foi assinado”.

Aprovado!


Correram, todas as religiosas e crianças, para diante de São José e, ali prostradas, agradeceram comovidas a graça.

A GLÓRIA DE SÃO JOSÉ



28 DE MARÇO

A GLÓRIA DE SÃO JOSÉ -


SÃO JOSÉ NO CÉU

Que grau de glória e que lugar ocupa no céu nosso querido São José entre os santos? É impossível, diz Isidoro de Isolano (‘Summa de donis Sancti Joseph’ – P. III, C. XVIII), à língua humana traduzir a grandeza e a glória de São José. É o cúmulo e o ápice de todos os triunfos da criatura, depois de Maria. Explica o teólogo Josefino Cardeal Lépicier como a glória do Santo Patriarca excede a de todos os eleitos. O termo da predestinação é vida eterna, que consiste nesta visão de Deus que costumamos chamar a glória. Ora, a glória, que é dada a algum santo no céu, corresponde ao seu grau de predestinação. São José foi predestinado numa ordem e num grau muito superiores a todos os justos do Antigo Testamento e aos santos do Novo Testamento, sem excluir São João Batista e os Apóstolos. Só a Virgem Santíssima teve maior glória. E como a missão de São José, depois de Maria, foi a mais sublime em relação ao Verbo Encarnado, pode-se concluir com segurança, no verdadeiro sentido da doutrina da Igreja católica, que o Santo Patriarca está colocado na glória celeste em primeiro lugar depois da Mãe de Deus (‘Tractatus de Sancto Joseph, P. I. A 3, Prop. 7). E outro teólogo, Suarez, opina com segurança: “Não considero impossível nem temerário, mas piedoso e muito conforme à verdade, afirmar que São José precede a todos os santos na graça e na beatitude celeste. Nada encontro na Escritura nem nos livros dos Santos Padres contra isto (In 3 P. Quaest. XXIX, ARt. 2). Não há dúvida, escreve Gerson, há no céu grandes santos glorificados, como São João Batista e os Apóstolos, e nem quero falar dos anjos. Todavia, creio que São José está acima de todos os santos. Se os Apóstolos ocupam o primeiro lugar, é tão só na ordem da Igreja mas não da união hipostática, onde só figuram Maria e José. Ora, o mistério da Encarnação domina, soberano, o céu e a terra. A glória de São José é intimamente ligada ao adorável mistério, é maior que a de todos os santos e anjos do céu. Para nos convencermos desta verdade, diz o Pe. Huguet (‘Pouvoir de Saint Joseph’), lembremo-nos dos serviços prestados por São José ao próprio Deus na terra. Governou a Sagrada Família; foi o guarda de quem guarda todos os seres criados; o Anjo do Conselho; o redentor do Redentor dos homens, na apresentação do Templo; o salvador do Salvador do mundo, salvando-O de mil perigos; o senhor do Rei e da Rainha do céu. Os santos serviram a Jesus no pobre, na Eucaristia, no sacerdócio, na Igreja. José esteve ao serviço da própria Pessoa adorável de jesus Cristo, servindo diretamente a Humanidade Santíssima do Redentor como nenhuma criatura depois de Maria.


AS GLÓRIAS DE SÃO JOSÉ

No céu tudo é perfeito e belo. Na terra, unidos, viveram Jesus, Maria e José. Aqui, o Filho de Deus, a Mãe de Deus obedeceram a José, o honraram como chefe da Sagrada Família. O amor de Jesus ao seu Pai adotivo será menor no céu do que o foi na terra? Maria será menos dedicada ao seu Esposo Santíssimo?

Na perfeição do céu, mais perfeito, mais sublime há de ser o amor de São José, a sua glória, e Família, diz São Bernardo (‘Sent.’), na vida laboriosa viveram juntos na terra jesus, Maria e José, assim na vida amorosa da glória reinam em corpo e alma no céu. A mesma intimidade, o mesmo amor. José, pois, é o Pai querido, o Esposo amantíssimo, o protetor solícito de quanto o invocam. Quem poderá, pois, imaginar sequer a glória incomparável de São José no céu? Segundo Isolano, na sua incomparável ‘Suma dos dons de São José’, o Santo Esposo de Maria possui a tríplice auréola da Virgindade, do Martírio e dos Doutores. Quanto à virgindade, não há dúvida, a unanimidade dos teólogos afirma a virgindade perpétua de São José. Seria temerário e quase blasfêmia negá-la. O martírio sofrera-o o santo sem derramar o sangue como os mártires, porque mais do que os mártires sofreu por Jesus Cristo e com Jesus Cristo em toda sua vida. Maria Santíssima não é a Rainha dos mártires, sem ter derramado sangue? E quem sofreu como Ela? José teve o martírio do coração desde que lhe anunciaram que uma espada de dor transpassaria a alma de sua Esposa na Paixão de Cristo. Mártir no Egito, no exílio, no martírio lento da pobreza, das angústias de uma vida de privações e da expectativa dolorosíssima dos futuros sofrimentos de Jesus e Maria. Verdadeiramente possui ele a glória dos mártires, a auréola do martírio como Esposo da Rainha dos Mártires e Pai do Rei glorioso de todos os mártires.

A auréola dos Doutores cabe também a São José? Isolano o afirma, porque o santo fora e é o mestre da vida espiritual, firma em nossos corações a fé, protege-nos contra o erro e a heresia, salva a doutrina santa da Igreja como salvou e guardou Jesus Cristo. Todavia, diz Lépicier, a missão de Doutor cabe aos que pregaram e ensinaram na Igreja de Deus. A missão de São José foi outra. Foi a de ocultar o mistério da Encarnação. Podemos, sim, glorificar a São José como Doutor das almas, mestre de nossa vida espiritual, porque nos ensina a amar a Jesus, mas a auréola de Doutor não lhe podemos atribuir senão em um sentido figurado e piedoso.


EXEMPLO

- Pio IX, devoto de São José -

O grande Pontífice da Imaculada Conceição foi também o Papa de São José. Era comovedora a sua devoção filial ao Santo Patriarca. Pelo Decreto Apostólico de 10 de Setembro de1847, estendeu a toda a Igreja a festa do Patrocínio de São José, que se celebrava até então em poucas igrejas por indulto especial. Em 8 de Dezembro de 1870declarou solenemente a São José Patrono da Igreja Universal e ordenou que a festa de 19 de Março fosse elevada ao rito duplo de primeira classe.

É conhecido o episódio do célebre quadro da Imaculada Conceição. Um pintor francês veio lhe mostrar o esboço da obra. Era uma representação da glória da Imaculada no céu.

- Onde está São José? Não o vejo aqui, no quadro...

- Santidade, responde o pintor, eu vou coloca-lo lá no alto, entre os santos.

- Não, não! diz Pio IX.

E pondo os dedos sobre a imagem de Jesus Cristo:

- Quero São José aqui, bem ao lado de Jesus Cristo, ao lado de Maria. Assim estão eles no céu. Não os separemos!

Poucos dias antes de sua morte, o Santo Pontífice recebera em audiência íntima, em seu leito de sofrimento, a um religioso amigo. Este notou na fisionomia do Papa alegria e confiança e um doce otimismo no modo de falar.

- Por que Vossa Santidade me parece hoje tão alegre?

- É que hoje estive meditando, responde Pio IX, e encheu-me de consolação o pensamento de que São José agora é mais conhecido, mais amado e invocado em todo o mundo. Daí a minha confiança e a minha alegria, padre. Eu não verei mais, porém meus sucessores hão de ver o triunfo da igreja, esta Igreja da qual eu constituí São José o Patrono.

O grande Papa nunca deixou de invocar, até a morte, a doce proteção de São José. Incentivou em toda a Igreja esta devoção. Nas horas tormentosas do seu difícil pontificado, confiou a sorte da Igreja a Maria Imaculada e a São José. Foi, realmente, o Papa da Imaculada e de São José.

A DEVOÇÃO A SÃO JOSÉ NA IGREJA



27 DE MARÇO

- A DEVOÇÃO A SÃO JOSÉ NA IGREJA -


1.° - NOS PRIMEIROS SÉCULOS

Alguns escritores dizem ter sido o culto de São José completamente ignorado e desconhecido nos primeiros séculos da era cristã. Entretanto, o estudo da tradição, dos hagiógrafos e até mesmo a Arqueologia, e sobretudo os Comentários do Evangelho daqueles tempos, tudo isso nos vem demonstrar à saciedade quanto era conhecido, louvado, admirado e invocado, nos dias primeiros da nossa fé, o Pai Putativo de Jesus e casto Esposo de Maria.

A Liturgia, é verdade, não lhe prestava um culto especial, porque a Igreja, naqueles dias de perseguição e de martírio, só se preocupava com as glórias e os cultos dos mártires. Não foram poucos os confessores e grandes santos que só alguns séculos mais tarde tiveram culto e se tornaram conhecidos, embora tivessem vivido e feito prodígios na época dos mártires.

Esta é a razão da ausência do culto público especial a São José, nos primeiros séculos.

Todavia não podemos afirmar, como alguns autores, ter sido São José completamente desconhecido e esquecido.

O ilustrado autor josefino Pe. Antônio Diaz, em sua obra magistral ‘El Patronato Universal de San José’, nos demonstra com erudição invulgar como já na era das catacumbas o Santo Esposo de Maria fora conhecido e louvado pelos primeiros cristãos.

Um arqueólogo, Perret, encontra nas catacumbas três documentos referentes a São José. O primeiro é uma pintura nas catacumbas de Santa Priscila, representando Jesus, Maria e José; o segundo, um medalhão, do primeiro século provavelmente, no qual figuram Maria com o Menino Jesus nos braços e São José a contemplá-lo, extático.

Finalmente, uma terceira pintura de cena do encontro de Jesus no templo, e claramente ali se vê o Santo Patriarca ao lado de Maria. No medalhão de um sarcófago do século IV de Cartago, Lucat reconhece uma das figuras: São José.

Nos IV e V séculos, em mosaicos, em sarcófagos, em pinturas e relevos, se encontram não poucas cenas do Evangelho com a figura de São José bem destacada.

E dali por diante os documentos já não são tão escassos, e há provas bem claras do culto de São José nos primeiros séculos.

E os escritores sagrados?

São Justino, no século II, defende a virgindade de Maria e a de São José.

Orígenes e Santo Atanásio são campeões na defesa desta prerrogativa Josefina contra os hereges.

São João Crisóstomo em suas homilias canta as virtudes de São José, chamando-o de “o varão perfeito, humilíssimo santo, fidelíssimo e adornado de toda santidade”.

Santo Ambrósio, São Jerônimo, Santo Agostinho celebram com eloquência a pureza de São José.

São João Damasceno, São Pascásio Radberto, São Máximo de Turim e outros até São Bernardo, tecem panegíricos admiráveis de São José. Não foi desconhecido o Pai Putativo de Jesus e Esposo de Maria nos primeiros séculos.

A tradição nos diz que no século II os gregos tributavam culto a São José, cuja festa se celebrava no Calendário Copta em 10 de Julho.

No século IV a imperatriz Santa Helena, mãe de Constantino, mandou construir uma capela a São José, no lugar do Santo Presépio de Belém. Foi o primeiro templo a São José.


2.° - NOS ÚLTIMOS TEMPOS

Antes do esplendor do culto josefino, através dos séculos, São José foi sempre invocado e teve lugar especial na devoção da cristandade.

Os Menológios e Martirológios das diversas igrejas faziam, não raro, menção de São José e da sua festa.

O século V guarda uma grande veneração pelas tradições dos lugares sagrados de Helióplis, no Egito, onde consta ter estado Jesus com Maria e José, na fuga da perseguição de Herodes.

O nome de São José entrou no Martirológio Romano no século VIII. No século IX celebrava-se a festa do Santo Patriarca no dia seguinte ao Natal, em 26 de Dezembro. Depois, passou a ser celebrada em 19 de Março.

No século XV, algumas almas privilegiadas recebem de Deus a missão especial de propagar e tornar conhecido e amado o Santo Patriarca. Tais são o Beato Herman, Santa Margarida de Cortona, Santa Brígida e Santa Gertrudes.

Estas foram, pelos seus escritos e revelações admiráveis que receberam do céu, grandes propagandistas e fervorosos apóstolos do culto de São José.

No século XV surge o grande apóstolo que dá início à época áurea do culto josefino: Gerson, o célebre chanceler da Universidade de Paris. No Concílio de Constança, ante uma assembleia venerável de bispos, pronuncia ele o célebre discurso sobre as glórias e o poder de São José. Falou com eloquência dos privilégios do Santo Patriarca. Expôs, pela primeira vez, a opinião da santificação de São José no seio materno. Pediu fosse declarado o santo como Patrono da Igreja Universal. Manifestou o desejo de que fosse celebrada uma festa em honra dos Desposórios de São José com Maria. Esse discurso deixou nos padres do Concílio a mais grata impressão e começa daí o culto mais fervoroso e universal de São José.

São Vicente Ferrer, Dominicano, morto em 1419, e sobremaneira os dois filhos de São Francisco, São Bernardino de Sena e São Bernardino de Bustis, concorrem para o esplendor do culto josefino no século XV. Foram ardentes propagandistas das glórias do Santo Esposo de Maria.

Santa Teresa d’Ávila! O século XVI foi o triunfo e esplendor do culto do grande santo. A figura excelsa e única de Santa Teresa, só ela concorreu mais para a glorificação de São José que muitos outros santos e teólogos. Não se pode falar da história do culto de São José sem destacar, de modo singular, a Matriarca do Carmelo. Tucot, tratando da atividade empregada pela santa em difundir o culto do santo, assim se exprime: “São José deve, de certo modo, a Santa Teresa a glória que hoje tem no mundo”. O mesmo afirma o sábio Pontífice Bento XIV.

Desde a sua entrada no Convento d’Ávila, Santa Teresa leva consigo a imagem de São José e quer que todos o honrem. Escreve e propaga com ardor o culto josefino. Em sua autobiografia, a santa manifesta ardente amor ao Esposo de Maria. Aponta-o como mestre da vida interior e advogado poderoso em todas as necessidades. Nunca recorri a São José”, diz ela, “que não fosse atendida.

Deu o nome de São José ao primeiro convento da Reforma Carmelitana. Queria o nome de São José em todos os mosteiros fundados por ela.

É maravilhoso, escreve a santa Matriarca, é extraordinário o que acontece comigo: todas as graças de que Deus me cumula tanto para a alma como para o corpo, os perigos de que me tem livrado, tudo devo ao ter invocado a proteção de São José, aos méritos do meu amado Patrono.

Treze fundações tiveram o nome de São José. E após a morte da santa, por ocasião da sua beatificação, em 1614, mudaram o nome de São José pelo de Santa Teresa, em todos os mosteiros, em homenagem à nova Beata. A Santa apareceu à Venerável Madre Isabel de São domingos e lhe disse com tristeza: “Diga ao Padre Provincial que tire meu nome dos mosteiros e lhes restitua o nome de São José, que possuíam antes”.

Não há dúvida, o exemplo, os escritos e o zelo de Santa Teresa marcaram uma nova era, um novo período na propagação e esplendor do culto de São José. É bem verdade o que diz o esplendor atual do seu culto à grande Santa Teresa.

Agora o culto do Santo Patriarca vai de triunfo em triunfo, em cada século. Sobremaneira, do século de Santa Teresa aos nossos dias. No século XVII, Papas e reis, bispados e nações escolhem São José como Patrono. Surgem Congregações religiosas sob a proteção e invocação do santo.

São Vicente de Paulo e São Francisco de Sales propagam o culto de São José. O Papa Gregório XV declara obrigatória em toda a Igreja a festa do santo. Clemente XI, em 1714, compõe um ofício especial de São José. Bento XIII, em 1725, inclui o nome de São José nas Ladainhas de Todos os Santos. Surge nesta época a prática do Mês de São José, na Itália, e depois se propaga em todo o mundo.

Santo Afonso de Ligório pode escrever em pleno século XVIII: “Graças a Deus, não há hoje cristão no mundo que não tenha devoção a São José”. E quanto não concorreu o grande Doutor para propagar esta devoção! Introduz a prática da visita a São José.

O século XIX foi o triunfo do culto josefino. Já em 1809 é pedida a Pio VII a proclamação do Patrocínio de São José sobre a Igreja. Gregório XVI introduz essa festa em algumas dioceses. Pio IX, em 1847, a estende a toda a Igreja e proclama o Patrocínio Universal de São José sobre toda a Igreja católica em 1870.

Leão XII sobe ao trono de Pedro com não menor devoção a São José que os seus predecessores. Aprova o escapulário de São José. Eleva a festa do santo a rito de primeira classe. Em 15 de Agosto de 1889 publica a célebre encíclica “Quamquam pluries”. Acrescenta às ladainhas da Virgem, no mês de Outubro, a oração de São José.

Finalmente, neste século XX, Pio X e Bento XV declaram dia santo de guarda a Festa de São José e dão inúmeras provas de ardente devoção ao santo. Aprovam e abençoam e se inscrevem na Pia União do Trânsito de São José, pelos agonizantes; enriquecem de indulgências muitas práticas de devoção Josefina.

Não faltaram provas do amor a São José no imortal Pontífice Pio XI. E o atual Soberano Pontífice tem confirmado e incentivado o culto josefino, como o fizeram seus predecessores.

Hoje, o culto a São José, graças a Deus, está no seu esplendor e tende a crescer cada vez mais.


EXEMPLO

- São José e a protestante -

Uma senhora protestante – conta Millot no seu “Tresor d'histoires” – tinha um filho convertido à Igreja católica e que em vão procurava convencer a mãe a que abraçasse a verdadeira fé.

- Meu filho, dizia ela, eu permiti que abraçasses a religião católica e dei liberdade a todos em minha casa, em matéria religiosa. Não discutamos. É inútil querer me afastar do protestantismo.

O pobre moço, profundamente magoado, calou-se. Que fazer? Recorreu a São José. Desde que se convertera, o Santo Patriarca era objeto de sua devoção mais terna. Tinha confiança em São José. No aniversário natalício da mãe, quis lhe oferecer um presente.

Procurou uma linda e artística imagem de São José.

- Mamãe, quero lhe oferecer o meu mais rico presente: esta imagem de São José. Aceite-a como prova de meu amor filial. Basta que me dê a alegria de aceitá-la e guardá-la.

Ao pronunciar essas palavras, a voz do moço tinha a expressão de uma grande ternura.

- Meu filho querido, sim, eu guardarei carinhosamente o teu presente de hoje. Esta bela estátua não sairá mais do meu quarto.

Foi um raio de esperança na alma do pobre moço. Beijou a mãe estremecida e se retirou comovido, para ocultar as lágrimas.

A imagem de São José causava uma impressão misteriosa na protestante. Era levada a invocar São José. Parecia-lhe já bem racional o culto dos santos. Poucos meses depois, caiu enferma e o seu estado se agravou. Mandou chamar o filho ausente. Ao avistá-lo, exclamou:

- Meu filho querido, quero te dar uma boa notícia, que há de alegrar muito a tua alma: estou resolvida a abraçar a religião católica! Devo esta graça a São José. Esta imagem me converteu. Sinto, percebo claramente que estou no erro. Quero morrer na verdadeira religião.

O filho emudeceu, comovido, e não pode conter as lágrimas. Caiu de joelhos diante de São José:

- Ó meu São José, eu vos agradeço! Que feliz inspiração a de oferecer a vossa imagem à minha mãe! Grande santo, eu vos agradeço mil e mil vezes!

A doente pouco depois abjurava o protestantismo e recebia os sacramentos, com admiráveis disposições de fé e edificante piedade.

Morreu como uma predestinada, a olhar e beijar a imagem do seu querido protetor São José.