26 DE MARÇO
- SÃO JOSÉ E A VIDA INTERIOR -
MESTRE DA VIDA INTERIOR
A vida interior é esta doce intimidade
com Jesus Cristo, o recolhimento de espírito, a vigilância contínua sobre si
mesmo, esta vida divina em que a alma procura fugir do pecado e das agitações
loucas do mundo para se ocupar das coisas eternar, pensar nas verdades de fé,
caminhar nas vias da perfeição, e esta consiste em sua essência no amor de Deus
e do próximo. Ora, não foram estas as disposições habituais da alma de São
José? Quem conhece melhor e mais profundamente o Coração de Jesus? Diz o grande
apóstolo josefino São Bernardino de Sena: São José teve, no mais alto grau, o
dom da contemplação. O Santo Patriarca recebeu mais do que todos os santos
graças inefáveis do céu e as riquezas ocultas do adorável Mistério da
Encarnação. Sua vida se passou em contínua oração, na intimidade de Jesus, no
serviço de Jesus, sofrendo, amando e trabalhando com Jesus, em Jesus e por
Jesus. Houve porventura, depois de Maria, maior intimidade de uma criatura com
seu Criador? Que amor abrasado de serafim não ardia no coração de José! A fé
viva e ardente que o levava a contemplar, na forma humana, a segunda Pessoa da
Trindade Santíssima. Crer que ali estava sob seu governo em Nazaré, durante
longos anos, o próprio Deus! Quantas luzes do céu não teve José da contemplação
desse mistério!
Um só abraço de Jesus, um só gesto de
amor de Jesus por seu Pai adotivo, era suficiente, diz Graciano, para elevar
uma alma ao mais alto grau da contemplação. E qual não foi então a vida
interior do Santo Patriarca, a beleza da sua união divina, em trinta anos de
silêncio, oração, trabalho e sofrimento? Nunca podemos imaginar um santo que
tenha recebido maior privilégio de Deus e tenha possuído melhor a Jesus.
Se São Paulo pode dizer “Vivo já não
eu, vive em mim Cristo”, o que não seria a vida de São José! Basta-nos ler o
Evangelho e facilmente concluímos: Não pode existir, depois de Maria, alma de
vida interior mais profunda que São José.
ESCOLA DE SANTIDADE
Grandes santos aprenderam na escola de
Nazaré a ciência do amor de Jesus e os segredos da vida interior. Santa Teresa,
a grande Mestra da oração e da vida contemplativa, cuja doutrina hoje ainda
leva tantas almas às alturas da mais íntima união com Deus, a grande Matriarca
disse ter aprendido os segredos da sua vida interior na devoção a São José.
Observou a santa como as almas devotas
do Santo Esposo de Maria progridem rapidamente nas vias da santidade e chegam
venturosos e enriquecidos de graças à hora da morte.
De todas as almas que se dirigem
sempre a São José, diz ainda Santa Teresa, eu não conheço uma só que não
tenha feito rápidos progressos na perfeição.
Sim, nada tão próprio para afervorar as
almas que uma verdadeira devoção a São José. É um dos meios eficazes para
progredir na virtude. Tem-se visto almas simples, humildes e ignorantes,
atingirem a um grau elevado de santidade e chegarem a uma tão alta compreensão
das vias espirituais.
E são almas devotas do Santo Patriarca,
almas afervoradas na escola de Nazaré. Esta espiritualidade simples, feita toda
de humildade e silêncio, sem brilho, bem oculta, bem comum na aparência, foi o
encanto de Santa Teresa do Menino Jesus. A Pequena Via da Infância Espiritual,
da qual a Santinha de Lisieux se fez o arauto e a doutora, ela o disse,
aprendeu na contemplação da vida oculta da santa casa de Nazaré. Para ser santo
não é mister fazer milagres estupendos, nem abalar o mundo com prodígios. Basta
imitar os dois grandes exemplos que Nosso Senhor nos deixou: Maria e José.
Houve almas mais santas e puras, almas que mais tivessem aprofundados os
segredos do Rei dos reis? E no entanto como foram simples, e que vida
aparentemente tão comum! Esta é a escola de espiritualidade de São José. A mais
segura, porque nela não pode haver ilusões: a mais bela, porque foi a trilhada
pela criatura mais perfeita saída das mãos de Deus, Maria, e a mais de acordo
com a nossa fraqueza e nossa capacidade. Peçamos ao Santo Esposo de Maria a
graça de nossa santificação, a ele, que chegou tão alto nas vias da santidade e
é o mais santo dentre os santos, tendo sido na terra o mais humilde e simples
dentre os homens.
EXEMPLO
- Na escola de São José -
O piedoso e douto Pe. Surin, mestre
admirável de espiritualidade, conta o seguinte fato que se deu com ele: “Partia
eu de Rouen, escreve, e no mesmo carro ia comigo um moço de cerca de dezoito
anos mais ou menos, e sem nenhuma instrução. Era um empregado doméstico há
muitos anos e nem sequer sabia ler e escrever. Qual não foi a minha admiração
ao conversar com ele e percebe r como entendia maravilhosamente das coisas
espirituais! Falava da vida interior, da união com Deus, com muita clareza e
bom senso, com segurança doutrinária; dizia coisas tão belas, que me enchiam o
coração de fervor, e nunca ouvi alguém falar assim. Percebi que ele vivia numa
oração contínua. Interroguei-o sob vários assuntos da vida espiritual, e me
respondia tão bem, com singeleza e piedade. Não podia compreender onde havia
aprendido tanta coisa sem um livro, sem um diretor espiritual.
- Ó meu bom padre, diz o moço, há mais
de seis anos me coloquei sob a especial proteção de São José por inspiração de
Nosso Senhor. São Jose é meu pai e meu mestre. Penso sempre nele e a ele me
recomendo. Minha ciência vem do Pai Adotivo de Jesus Cristo!”.
O Pe. Surin foi um dos apóstolos do culto de São José e dizia que a ciência de Santa Teresa nos domínios da espiritualidade foi haurido nesta fonte de vida interior que é a devoção a São José, na qual tanto se distinguia a Matriarca do Carmelo.
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