23 DE MARÇO
- SÃO JOSÉ E OS SANTOS -
AS ESTRELAS DO SONHO DE JOSÉ
É bem verdade que a devoção a São José
depois de Maria foi sempre a devoção predileta dos predestinados, dos santos.
As relações íntimas do Santo Patriarca com Jesus e Maria levaram os justos a
recorrerem, cheios de confiança, a ele, na certeza de melhor servirem a Jesus e
Maria. É uma devoção de vida interior, uma escola de santidade. Não é José a
criatura que mais aproveitou a vida de intimidade com Jesus e Maria, vida que é
o encanto de todas as almas inferiores? A sua devoção afervora, leva à Maria e
ao Coração de Jesus. O Venerável Pe. Lallemant não se cansava de recomendar a
devoção a São José como meio seguro de alcançar a perfeição e chegar à
santidade. A grandeza incomparável do grande santo foi figurada no Antigo
Testamento naquelas onze estrelas que José, filho de Jacó, vira a seus pés com
o sol e a lua. Segundo os comentários da Escritura, essas estrelas representam
os santos que brilham no céu: Fulgebunt tanquam stellae in perpetuas
aeternitates – Brilham como estrelas na eternidade. Estrelas são os Apóstolos,
os Anjos do céu. Todos estão submissos a São José e o veneram depois que Maria
e o próprio Jesus lhe obedeceram em Nazaré. Jesus, o sol, Maria a lua, junto ao
novo José da Nova Lei! O maior dos santos é, pois, o mais querido e venerado
dos próprios santos. Os Santos Doutores celebram com panegíricos e comentários
admiráveis as glórias de São José, muito antes do esplendor do culto. Santo
Agostinho mostrou a beleza e a excelência da união de José e Maria. São João
Crisóstomo exalta os méritos daquele que mereceu ser escolhido entre todos os
homens para ser o Pai adotivo do Filho Unigênito de Deus. São Jerônimo defendeu
com ardor, contra os hereges a perpétua virgindade de São José. São Bernardo
fala com tanta ternura de São José como falou de Maria Santíssima. São
Bernardino de Sena, que apóstolo e cantor magnífico das glórias e privilégios
de São José! Santo Tomás de Aquino, com aquela autoridade de Doutor Angélico,
defende muitos privilégios e glórias de São José. Que dizer de São Francisco de
Sales, Santo Afonso, Santo Inácio e tantos outros homens de Deus, fundadores de
Ordens e Institutos religiosos, apóstolos do povo, doutores do povo cristão,
almas angélicas de tantas virgens admiráveis cuja devoção a São José foi tão
ardente e fervorosa? São José é verdadeiramente o santo da devoção dos santos.
DEVOTOS E APÓSTOLOS DE SÃO JOSÉ
Santa Madalena de Pazzis viu no céu a
glória de São José e nunca deixou de o invocar, porque sabia quanto poder tem ele
junto de Deus. Santo Inácio, o fundador da Companhia de Jesus, bem revela, nos
seus admiráveis Exercícios Espirituais, como era devoto de São José. Tinha no
seu oratório uma imagem do Santo Esposo de Maria e diante dele gostava de
meditar e celebrar o Santo Sacrifício da Missa. Aos pés do grande Mestre do
Amor Divino, depunha por escrito muitas vezes suas maiores dúvidas e
dificuldades.
É sob a inspiração de São José que se
tornou Inácio tão hábil na arte divina de dirigir as almas.
Santa Margarida de Cortona, desde a
conversão, cada dia se recomendava ao Santo Pai adotivo de Jesus. Um dia lhe
aparece Nosso Senhor dizendo: Margarida, quero que saibas, a tua devoção a
José, meu Pai adotivo, muito me é agradável. Eis porque desejo que cada dia
prestes algum tributo de louvor em honra dele. José me é muito caro e amado de
meu coração.
Afervorada por estas palavras, a santa
penitente nunca deixou de oferecer, até a morte, inúmeros atos de veneração ao
Santo Patriarca.
São Luís de Gonzaga, o angélico moço,
desde pequeno se consagrou a imitar a pureza de São José. Tinha para com ele
uma devoção toda filial. O lírio de São José tocou aquela alma e a encheu de
suave perfume da virtude dos anjos.
O Beato Herman José, da Ordem
Premonstratense, se distinguia pelo amor cheio de ternura para com José. Este
moço admirável, numa visão do céu, teve a ventura de contemplar Maria. E a Mãe
do Céu lhe recomenda que em honra de seu Esposo acrescentasse ao seu nome o de
José.
São João Batista de La Salle, o
fundador dos Irmãos das Escolas Cristãs, desde pequenino honrava com devoção
encantadora a São José. Cada dia rezava as ladainhas do santo e, mais tarde,
ordenou aos seus Filhos que a recitassem a fim de obterem do Santo Patriarca o
zelo e dedicação necessários para a formação da juventude.
Santo Afonso nunca separou em suas
orações os nomes santíssimos de Jesus, Maria e José. Fora apóstolo do culto
josefino. Escreveu páginas tocantes naquele seu estilo simples e belo sobre as
grandezas e o poder de São José. O Santo Cura d’Ars se fez um perfeito imitador
de São José, trabalhando em silêncio sob os olhares de Jesus e Maria. Imitou e
pregou a devoção a São José. Impossível dizer quanto e como tantos santos amaram
e cultivaram a devoção ao Santo Esposo de Maria. Não haverá um só predestinado,
um herói da santidade que não tenha invocado e procurado imitar a São José no
amor e dedicação no serviço de Jesus e Maria.
EXEMPLO
- São José e os estudantes -
Os estudantes invocam a São José com
grande eficácia, nas suas dificuldades. Contam-se prodígios do Santo Patriarca.
Escreve Millot – “Tresor d’histoires” – que num seminário da França um clérigo
dotado de ótimas qualidades, piedoso e aplicado aos estudos, sentia
dificuldades no estudo do latim. Estava para ser dispensado pelos superiores,
que, verdadeiramente tristes, viam a impossibilidade do pobre moço em dar conta
dos estudos eclesiásticos.
O piedoso clérigo não desanimava. Uma
grande confiança na proteção de São José o levou a se prostrar, banhado em
lágrimas, ante o altar do santo. Não podia se conformar com ver todo o seu sublime
ideal desfeito.
- Ó meu São José, valei-me! Se chegar
ao sacerdócio, serei apóstolo do vosso culto.
A prece foi ouvida. No dia seguinte
tudo se esclarece. Percebe as lições com clareza e segue as aulas com proveito.
Os mestres e colegas se admiram de tão súbita mudança. O clérigo, de último,
vem a ser dos primeiros nas classes. Ordenou-se sacerdote, foi mais tarde
professor de Teologia no seminário, Vigário Geral da Diocese e cumpriu
generosamente a promessa: foi um grande apóstolo do culto de São José.
São João Berchmans também foi um dos
mais perfeitos modelos de devoção a São José. Quando estudava filosofia, ao
chegar ao exame dizia: “O patrono deste exame será meu São José. Se for feliz,
hei de rezar três terços em sua honra”. “Percorrerei meus cadernos e, se puder
percorrer todos e gravá-los bem na memória, farei uma devoção especial a São
José”. E todo exame colocado sob a proteção do Santo Esposo de Maria era
brilhante e feliz. São João Berchmans teve a honra de defender em público, com
nota de distinção e louvor, uma série de teses filosóficas.
O angélico moço da Companhia de Jesus
se santificou na escola da humildade e pureza de São José.
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