- FESTA DE SÃO JOSÉ -
HISTÓRIA
A Santa Igreja, em sua liturgia, nos apresenta cada ano duas grandes festas em honra do Santo Esposo de Maria: a festa própria do santo, em 19 de Março, e a do Patrocínio, na quarta-feira depois do segundo domingo da Páscoa (nota: hoje, não é o que vige, segundo as atuais normas litúrgicas da Igreja; há a ‘SOLENIDADE DE SÃO JOSÉ, ESPOSO DA VIRGEM MARIA’, em 19 de março, e a celebração de SÃO JOSÉ OPERÁRIO, em 1.° de maio). O culto de São José, como vimos, foi reservado aos últimos séculos pela Divina Providência. E quanto mais passam os anos, mais se desenvolve. A festa do Pai adotivo de Jesus, em toda a Igreja, não data de longas eras. Há uma tradição de que no segundo século os gregos tributavam um culto especial ao santo, numa festa tradicional no rito Copta, do dia 1.° de Julho.
É possível se festejasse a São José no templo que Santa Helena, imperatriz, mandou construir no lugar do presépio de Belém, na capela dedicada a São José. Há tradições do século V de festa comemorando a fuga para o Egito. Nos menológios das Igrejas Orientais, desde o século VIII se faz menção de uma festa consagrada à Família de Jesus, isto é, aos seus ascendentes, e entre eles figura, em lugar de honra, São José, afirmam os Bolandistas. O menológio da Igreja de Constantinopla, no século X, menciona o nome de São José nos dias 25 e 26 de Dezembro. O nome do Santo Patriarca pela primeira vez aparece mencionado em 19 de Março nos Martirológios de Reins. A glória de celebrar uma festa em honra de São José no dia 19 de Março pela primeira vez parece, diz o Pe. Cantera, pertencer aos Beneditinos da Abadia de Winchester no ano 1030. Bento XIV afirma que em 1124 em Bolonha se comemorava solenemente a festa do Esposo de Maria. Todavia a festa de São José só se tronou popular e conhecida e celebrada com fervor no século XV, que marca o renascimento do culto josefino, o despertar desta devoção oculta como um tesouro durante séculos. Gerson, o grande chanceler imortalizado, como Santa Teresa, na história do culto josefino, pediu, no Concílio de Constança, uma festa em honra dos Desposórios de São José e Maria.
Em 1621, Gregório XV inclui a festa entre as de preceito. Em 1651, um decreto da Santa Sé fixa para sempre a festa em 19 de Março. Finalmente após uma série de privilégios e incentivos da devoção ao Santo Patriarca, concedidos pela Santa Sé, Pio IX proclama o Santo Patrono da Igreja e estabelece uma segunda festa: a do Patrocínio de São José, hoje celebrada em toda a Igreja na quarta-feira após o segundo domingo da Páscoa (confira-se a nota, acima). E o culto e festa do grande santo chegam ao seu esplendor.
AS DUAS FESTAS
Em 19 de Março, a festa do Trânsito de São José. O dia da morte do justo é chamado pela Igreja dies natalis, dia do nascimento. Sim, porque verdadeiramente se começa a viver quando se deixa o exílio, que é esta vida semeada de tristezas e perigos.
José foi o Justo, o maior dos justos. Teve a morte preciosa dos santos. Pretiosa in conspectu Domini mors santorum ejus – É preciosa diante do Senhor a morte dos seus santos. Como o não será a do maior dos santos? José morre nos braços de Maria. Ali começa a glória do Santo Patriarca. E esta morte bem-aventurada nos lembra a festa de 19 de Março, chamada também do Trânsito, isto é, a passagem desta para outra vida.
A Liturgia destas solenidades é eloquente e bela.
A oração fala do poder intercessor do grande Patriarca: “Senhor, nós Vos suplicamos, permiti que sejamos auxiliados pelos méritos do Esposo da vossa Santíssima Mãe, a fim de que aquelas graças que não temos a possibilidade de obter por causa da nossa fraqueza, as alcancemos por sua intercessão”.
É a súplica fervorosa ao poder de São José. E no dia em que o Santo Patriarca é invocado no triunfo da sua morte bendita e gloriosa, procuremos honrá-lo com toda sorte de homenagens e obséquios piedosos. Festejemos com entusiasmo e devoção o dia de São José. É uma festa que não nos pode encontrar indiferentes e frios. E é certo que muitas graças, milagres e prodígios tem feito São José no dia 19 de Março. A festa do Patriarca fora estabelecida para honrarmos o poder e a glória do Santo Patriarca como Protetor especial da Santa Igreja, de todas as classes sociais e de toda a cristandade, enfim. A oração fala-nos desta missão sublime de São José: “Ó Deus, que por uma providência inefável Vos dignastes escolher o Bem-aventurado José para Esposo de vossa Santíssima Mãe, concedei-nos, Vos imploramos, que, venerando-se como nosso Protetor na terra, mereçamos alcançar a sua intercessão no céu”.
Vede, é mister procurar aqui na terra a proteção de São José para o ter no céu como intercessor. A festa do Patrocínio é uma estímulo à nossa confiança no poder do Esposo de Maria e Pai adotivo de Jesus. Outras festas litúrgicas são celebradas em honra da Sagrada Família e de alguns mistérios da Infância de Jesus. São festas que realçam a missão do Santo Patriarca. Enfim, a alma verdadeiramente devota de São José o acompanha, através do Ano Litúrgico, em todas as solenidades em que se comemoram os mistérios admiráveis de nossa Redenção e em que encontramos, unidos, Jesus, Maria e José.
EXEMPLO
São José tarda mas não falta
Conta um missionário redentorista, o Pe. H. Santrain, autor de um belo livro – “Le glorieux S. Joseph” – o fato seguinte: Corria o ano de 1862, quando pregava um dia sobre São José, na missão de uma cidade. Logo após o sermão, veio me procurar uma viúva, muito queixosa e amargurada por um seu filho de vinte e cinco anos dar-se à ociosidade e ao vício. Havia feito uma novena fervorosa a São José, a fim de obter uma boa colocação já em vista para o moço. Para melhor obter a graça, deixou a tibieza em que vivia; resolveu confessar-se e comungar, o que já não fazia há vários anos, e preparou-se fervorosamente para a festa de 19 de Março. Três dias depois da festa voltou ao missionário, verdadeiramente desolada e aflita.
- Ó meu padre, v. revma. pode pregar quanto quiser e a quem quiser que São José não recusa favor algum a quem lho suplica, tanto no temporal como no espiritual. Quanto a mim, sou uma desiludida de São José. Pedi com tanta confiança, e mil vezes, a graça da colocação de meu filho. Nunca rezei e fiz tanto na piedade e com tamanha confiança... ai! e São José me faz esta! Não rezo mais a São José! Não, mil vezes, não! São José não me atende!...
- Então, minha filha, que aconteceu?
- Meu filho ia ser colocado no emprego que tanto desejei e pedi para ele. Tudo já estava preparado. E, na hora, rejeita, abandona, continua no vício, na vadiação e, ainda pior do que antes!
A pobre mãe soluçava:
- Ai! meu São José! Não quisestes me ouvir. Todo mundo recorre a São José e alcança o que pede. Só eu não sou atendida. Não creio no poder de São José para comigo! ...
O missionário calou-se um instante; depois, com energia, replicou:
- Não seja ingrata nem fale assim, como insensata, minha senhora! Pois não vê que São José atendeu o pedido? Não conseguiu o emprego? Então, só porque seu filho recusa a graça, tem a culpa São José? Cale-se, peça perdão a São José e volte a lhe pedir humildemente a conversão do rapaz.
A pobre mãe caiu em si, humilhou-se e voltou a rezar de novo ao Santo Patriarca. E na semana seguinte, antes do final das pregações, veio alegre dar a boa nova:
- Meu bom padre, perdoe-me a queixa insensata que fiz de São José! Meu filho se converteu; foi ele mesmo procurar o emprego e ainda, felizmente, o achou. Trabalha contente, é outro rapaz. Bendito seja meu São José! Hoje somos felizes, eu e meu filho, graças à proteção de São José!...
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