Este blog pertence à Comunidade São José (Centro), de Santa Cruz do Sul (RS). Pretende ser um instrumento de evangelização, promovendo um maior conhecimento da figura e da missão de São José e apresentando temas e reflexões sobre aquele a quem Deus “confiou a guarda dos seus tesouros mais preciosos”. Que o bom São José defenda a Santa Igreja de toda adversidade, ampare especialmente a nossa Comunidade e estenda sempre sobre cada um de nós o manto da sua poderosa intercessão!

sexta-feira, 22 de julho de 2016

A DEVOÇÃO A SÃO JOSÉ NA IGREJA



27 DE MARÇO

- A DEVOÇÃO A SÃO JOSÉ NA IGREJA -


1.° - NOS PRIMEIROS SÉCULOS

Alguns escritores dizem ter sido o culto de São José completamente ignorado e desconhecido nos primeiros séculos da era cristã. Entretanto, o estudo da tradição, dos hagiógrafos e até mesmo a Arqueologia, e sobretudo os Comentários do Evangelho daqueles tempos, tudo isso nos vem demonstrar à saciedade quanto era conhecido, louvado, admirado e invocado, nos dias primeiros da nossa fé, o Pai Putativo de Jesus e casto Esposo de Maria.

A Liturgia, é verdade, não lhe prestava um culto especial, porque a Igreja, naqueles dias de perseguição e de martírio, só se preocupava com as glórias e os cultos dos mártires. Não foram poucos os confessores e grandes santos que só alguns séculos mais tarde tiveram culto e se tornaram conhecidos, embora tivessem vivido e feito prodígios na época dos mártires.

Esta é a razão da ausência do culto público especial a São José, nos primeiros séculos.

Todavia não podemos afirmar, como alguns autores, ter sido São José completamente desconhecido e esquecido.

O ilustrado autor josefino Pe. Antônio Diaz, em sua obra magistral ‘El Patronato Universal de San José’, nos demonstra com erudição invulgar como já na era das catacumbas o Santo Esposo de Maria fora conhecido e louvado pelos primeiros cristãos.

Um arqueólogo, Perret, encontra nas catacumbas três documentos referentes a São José. O primeiro é uma pintura nas catacumbas de Santa Priscila, representando Jesus, Maria e José; o segundo, um medalhão, do primeiro século provavelmente, no qual figuram Maria com o Menino Jesus nos braços e São José a contemplá-lo, extático.

Finalmente, uma terceira pintura de cena do encontro de Jesus no templo, e claramente ali se vê o Santo Patriarca ao lado de Maria. No medalhão de um sarcófago do século IV de Cartago, Lucat reconhece uma das figuras: São José.

Nos IV e V séculos, em mosaicos, em sarcófagos, em pinturas e relevos, se encontram não poucas cenas do Evangelho com a figura de São José bem destacada.

E dali por diante os documentos já não são tão escassos, e há provas bem claras do culto de São José nos primeiros séculos.

E os escritores sagrados?

São Justino, no século II, defende a virgindade de Maria e a de São José.

Orígenes e Santo Atanásio são campeões na defesa desta prerrogativa Josefina contra os hereges.

São João Crisóstomo em suas homilias canta as virtudes de São José, chamando-o de “o varão perfeito, humilíssimo santo, fidelíssimo e adornado de toda santidade”.

Santo Ambrósio, São Jerônimo, Santo Agostinho celebram com eloquência a pureza de São José.

São João Damasceno, São Pascásio Radberto, São Máximo de Turim e outros até São Bernardo, tecem panegíricos admiráveis de São José. Não foi desconhecido o Pai Putativo de Jesus e Esposo de Maria nos primeiros séculos.

A tradição nos diz que no século II os gregos tributavam culto a São José, cuja festa se celebrava no Calendário Copta em 10 de Julho.

No século IV a imperatriz Santa Helena, mãe de Constantino, mandou construir uma capela a São José, no lugar do Santo Presépio de Belém. Foi o primeiro templo a São José.


2.° - NOS ÚLTIMOS TEMPOS

Antes do esplendor do culto josefino, através dos séculos, São José foi sempre invocado e teve lugar especial na devoção da cristandade.

Os Menológios e Martirológios das diversas igrejas faziam, não raro, menção de São José e da sua festa.

O século V guarda uma grande veneração pelas tradições dos lugares sagrados de Helióplis, no Egito, onde consta ter estado Jesus com Maria e José, na fuga da perseguição de Herodes.

O nome de São José entrou no Martirológio Romano no século VIII. No século IX celebrava-se a festa do Santo Patriarca no dia seguinte ao Natal, em 26 de Dezembro. Depois, passou a ser celebrada em 19 de Março.

No século XV, algumas almas privilegiadas recebem de Deus a missão especial de propagar e tornar conhecido e amado o Santo Patriarca. Tais são o Beato Herman, Santa Margarida de Cortona, Santa Brígida e Santa Gertrudes.

Estas foram, pelos seus escritos e revelações admiráveis que receberam do céu, grandes propagandistas e fervorosos apóstolos do culto de São José.

No século XV surge o grande apóstolo que dá início à época áurea do culto josefino: Gerson, o célebre chanceler da Universidade de Paris. No Concílio de Constança, ante uma assembleia venerável de bispos, pronuncia ele o célebre discurso sobre as glórias e o poder de São José. Falou com eloquência dos privilégios do Santo Patriarca. Expôs, pela primeira vez, a opinião da santificação de São José no seio materno. Pediu fosse declarado o santo como Patrono da Igreja Universal. Manifestou o desejo de que fosse celebrada uma festa em honra dos Desposórios de São José com Maria. Esse discurso deixou nos padres do Concílio a mais grata impressão e começa daí o culto mais fervoroso e universal de São José.

São Vicente Ferrer, Dominicano, morto em 1419, e sobremaneira os dois filhos de São Francisco, São Bernardino de Sena e São Bernardino de Bustis, concorrem para o esplendor do culto josefino no século XV. Foram ardentes propagandistas das glórias do Santo Esposo de Maria.

Santa Teresa d’Ávila! O século XVI foi o triunfo e esplendor do culto do grande santo. A figura excelsa e única de Santa Teresa, só ela concorreu mais para a glorificação de São José que muitos outros santos e teólogos. Não se pode falar da história do culto de São José sem destacar, de modo singular, a Matriarca do Carmelo. Tucot, tratando da atividade empregada pela santa em difundir o culto do santo, assim se exprime: “São José deve, de certo modo, a Santa Teresa a glória que hoje tem no mundo”. O mesmo afirma o sábio Pontífice Bento XIV.

Desde a sua entrada no Convento d’Ávila, Santa Teresa leva consigo a imagem de São José e quer que todos o honrem. Escreve e propaga com ardor o culto josefino. Em sua autobiografia, a santa manifesta ardente amor ao Esposo de Maria. Aponta-o como mestre da vida interior e advogado poderoso em todas as necessidades. Nunca recorri a São José”, diz ela, “que não fosse atendida.

Deu o nome de São José ao primeiro convento da Reforma Carmelitana. Queria o nome de São José em todos os mosteiros fundados por ela.

É maravilhoso, escreve a santa Matriarca, é extraordinário o que acontece comigo: todas as graças de que Deus me cumula tanto para a alma como para o corpo, os perigos de que me tem livrado, tudo devo ao ter invocado a proteção de São José, aos méritos do meu amado Patrono.

Treze fundações tiveram o nome de São José. E após a morte da santa, por ocasião da sua beatificação, em 1614, mudaram o nome de São José pelo de Santa Teresa, em todos os mosteiros, em homenagem à nova Beata. A Santa apareceu à Venerável Madre Isabel de São domingos e lhe disse com tristeza: “Diga ao Padre Provincial que tire meu nome dos mosteiros e lhes restitua o nome de São José, que possuíam antes”.

Não há dúvida, o exemplo, os escritos e o zelo de Santa Teresa marcaram uma nova era, um novo período na propagação e esplendor do culto de São José. É bem verdade o que diz o esplendor atual do seu culto à grande Santa Teresa.

Agora o culto do Santo Patriarca vai de triunfo em triunfo, em cada século. Sobremaneira, do século de Santa Teresa aos nossos dias. No século XVII, Papas e reis, bispados e nações escolhem São José como Patrono. Surgem Congregações religiosas sob a proteção e invocação do santo.

São Vicente de Paulo e São Francisco de Sales propagam o culto de São José. O Papa Gregório XV declara obrigatória em toda a Igreja a festa do santo. Clemente XI, em 1714, compõe um ofício especial de São José. Bento XIII, em 1725, inclui o nome de São José nas Ladainhas de Todos os Santos. Surge nesta época a prática do Mês de São José, na Itália, e depois se propaga em todo o mundo.

Santo Afonso de Ligório pode escrever em pleno século XVIII: “Graças a Deus, não há hoje cristão no mundo que não tenha devoção a São José”. E quanto não concorreu o grande Doutor para propagar esta devoção! Introduz a prática da visita a São José.

O século XIX foi o triunfo do culto josefino. Já em 1809 é pedida a Pio VII a proclamação do Patrocínio de São José sobre a Igreja. Gregório XVI introduz essa festa em algumas dioceses. Pio IX, em 1847, a estende a toda a Igreja e proclama o Patrocínio Universal de São José sobre toda a Igreja católica em 1870.

Leão XII sobe ao trono de Pedro com não menor devoção a São José que os seus predecessores. Aprova o escapulário de São José. Eleva a festa do santo a rito de primeira classe. Em 15 de Agosto de 1889 publica a célebre encíclica “Quamquam pluries”. Acrescenta às ladainhas da Virgem, no mês de Outubro, a oração de São José.

Finalmente, neste século XX, Pio X e Bento XV declaram dia santo de guarda a Festa de São José e dão inúmeras provas de ardente devoção ao santo. Aprovam e abençoam e se inscrevem na Pia União do Trânsito de São José, pelos agonizantes; enriquecem de indulgências muitas práticas de devoção Josefina.

Não faltaram provas do amor a São José no imortal Pontífice Pio XI. E o atual Soberano Pontífice tem confirmado e incentivado o culto josefino, como o fizeram seus predecessores.

Hoje, o culto a São José, graças a Deus, está no seu esplendor e tende a crescer cada vez mais.


EXEMPLO

- São José e a protestante -

Uma senhora protestante – conta Millot no seu “Tresor d'histoires” – tinha um filho convertido à Igreja católica e que em vão procurava convencer a mãe a que abraçasse a verdadeira fé.

- Meu filho, dizia ela, eu permiti que abraçasses a religião católica e dei liberdade a todos em minha casa, em matéria religiosa. Não discutamos. É inútil querer me afastar do protestantismo.

O pobre moço, profundamente magoado, calou-se. Que fazer? Recorreu a São José. Desde que se convertera, o Santo Patriarca era objeto de sua devoção mais terna. Tinha confiança em São José. No aniversário natalício da mãe, quis lhe oferecer um presente.

Procurou uma linda e artística imagem de São José.

- Mamãe, quero lhe oferecer o meu mais rico presente: esta imagem de São José. Aceite-a como prova de meu amor filial. Basta que me dê a alegria de aceitá-la e guardá-la.

Ao pronunciar essas palavras, a voz do moço tinha a expressão de uma grande ternura.

- Meu filho querido, sim, eu guardarei carinhosamente o teu presente de hoje. Esta bela estátua não sairá mais do meu quarto.

Foi um raio de esperança na alma do pobre moço. Beijou a mãe estremecida e se retirou comovido, para ocultar as lágrimas.

A imagem de São José causava uma impressão misteriosa na protestante. Era levada a invocar São José. Parecia-lhe já bem racional o culto dos santos. Poucos meses depois, caiu enferma e o seu estado se agravou. Mandou chamar o filho ausente. Ao avistá-lo, exclamou:

- Meu filho querido, quero te dar uma boa notícia, que há de alegrar muito a tua alma: estou resolvida a abraçar a religião católica! Devo esta graça a São José. Esta imagem me converteu. Sinto, percebo claramente que estou no erro. Quero morrer na verdadeira religião.

O filho emudeceu, comovido, e não pode conter as lágrimas. Caiu de joelhos diante de São José:

- Ó meu São José, eu vos agradeço! Que feliz inspiração a de oferecer a vossa imagem à minha mãe! Grande santo, eu vos agradeço mil e mil vezes!

A doente pouco depois abjurava o protestantismo e recebia os sacramentos, com admiráveis disposições de fé e edificante piedade.

Morreu como uma predestinada, a olhar e beijar a imagem do seu querido protetor São José.



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