Este blog pertence à Comunidade São José (Centro), de Santa Cruz do Sul (RS). Pretende ser um instrumento de evangelização, promovendo um maior conhecimento da figura e da missão de São José e apresentando temas e reflexões sobre aquele a quem Deus “confiou a guarda dos seus tesouros mais preciosos”. Que o bom São José defenda a Santa Igreja de toda adversidade, ampare especialmente a nossa Comunidade e estenda sempre sobre cada um de nós o manto da sua poderosa intercessão!

sexta-feira, 22 de julho de 2016

PATRONO DOS AGONIZANTES



20 DE MARÇO

PATRONO DOS AGONIZANTES -


AGONIA DE SÃO JOSÉ

A Igreja invoca a São José, nas ladainhas, Patrone morientium – Padroeiro dos agonizantes. Há uma Pia Associação, hoje conhecida e universalmente propagada: a Pia União do Trânsito de São José pelos agonizantes de cada dia. A assistência do Santo Patriarca na hora extrema é a graça mais pedida e infalivelmente alcançada por todos os seus devotos. A perseverança é a graça das graças. Felizes seremos se naquela hora tremenda, naquelas lutas da última agonia, pudermos ter a felicidade da proteção de São José. Não morrera o santo querido nos braços de Jesus e Maria? Ó morte feliz, a mais bela morte de uma criatura!

Santo Afonso medita esta passagem tocante. Considerai como São José, depois de haver servido fielmente a Jesus e Maria, chega ao termo da vida na casa de Nazaré. Ei-lo cercado de anjos e assistido por Jesus Cristo, Rei dos anjos, e por Maria, sua Esposa, aos lados do leito tão pobre e humilde. Nessa santa companhia deixa esta vida miserável numa paz deliciosa e toda celestial. A presença de uma tal Esposa e de um Redentor que se dignou chamá-lo de Pai, torna preciosa e doce a morte de José. E como poderia ser amarga a morte daquele que morria nos braços da Vida? Quem poderia compreender e exprimir as puras delícias, as consolações, as esperanças, os atos de resignação, as chamas do amor divino no coração de São José naquela hora? Que doces palavras não lhe haviam de então dizer Jesus e Maria! É razoável a opinião de São Francisco de Sales, que afirma ter morrido São José de puro amor de Deus. Tal foi a morte do Santo Patriarca, sem angústias, sem horror, sem medo, porque viveu santamente e foi o maior dos santos. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia (Mat. V, 7). Quanta doçura e misericórdia e caridade de José para com Jesus, desde a gruta de Belém até a casa de Nazaré! Aquele que prometeu a recompensa do céu e cem por um a quem der um copo de água, não havia de cumular de graças e bênção na hora extrema quem o sustentou e protegeu? A morte de amor, e de um amor seráfico, foi a recompensa de José, não há dúvida. Um santo – diz ainda o melífluo Doutor –, José, que tanto amou a Jesus na vida, só podia ter morrido de puro amor. Poderia ter falado ao Pai Eterno: Ó, meu Pai, cumpri a obra que Vós me destes a fazer na terra! E a Jesus: Meu Filho, vosso Pai Celeste entregou vosso Corpo em minhas mãos desde que viestes ao mundo. Assim também, ao partir deste mundo, entrego minha alma nas vossas mãos (‘Traité de l’amour de Dieu’, I, VII – C. XI).


SÃO JOSÉ EM NOSSA AGONIA

Pois quem teve a agonia mais feliz não nos poderá socorrer em nossa agonia, se o tivermos invocado sempre, pedindo a proteção para aquela hora decisiva e tremenda?

São José é o Patrono da boa morte. Os seus devotos têm a felicidade e o privilégio da graça da perseverança final. É crença nossa, e bem fundada, que os santos do céu, na glória e na plenitude da caridade, têm um zelo especial para nos obter aqui na terra as mesmas graças que eles mais alcançaram quando viviam no exílio. Assim, recorremos a Santa Madalena e Santa Margarida de Cortona pedindo a graça da penitência, a São Luís pedimos a graça da pureza, a São Bernardo e a Santo Afonso uma devoção ardente a Maria Santíssima, a Santo Tomás de Aquino a ciência das coisas de Deus, a Santa Teresa e Santa Teresinha do Menino Jesus o amor de Deus, e assim invocamos os santos pelo que mais se empenharam e sofreram na terra, para que nos valham no céu. Ora, dentre todas as graças e privilégios dos santos, São José obteve um dos maiores: a morte de amor nos braços de Jesus e Maria. Foi assistido, socorrido e amparado pelo Filho de Deus e pela Mãe de Deus. Pode existir melhor e maior Padroeiro para a agonia? A alma cristã não acharia melhor Protetor para a hora da morte. Invoquemos sempre estes três nomes benditos, terror do inferno e salvação das almas fieis: Jesus, Maria e José!

O Filho de Deus – escrevera o Venerável Bernardo a Bustis – tendo as chaves do paraíso, deu uma a Maria e outra a José, para que na hora da morte possam introduzir seus devotos fieis no lugar do refrigério e da paz (Cit. ‘Pouvoir de Saint Joseph’ – Pe. Huguet). Santa Teresa narra as circunstâncias tocantes da morte de muitas Carmelitas devotas de São José e acrescenta: Eu observei nelas, no momento de darem o último suspiro, uma calma, uma tranquilidade inefáveis. Dir-se-ia que entravam em doce êxtase ou no repouso da oração. Nada indicava que alguma tentação lhes perturbasse a paz íntima que gozavam.

Era a recompensa dos mais fervorosos devotos de São José, que a santa conhecera em sua vida. Um célebre missionário marista, conta o Pe. Huguet, estava à morte e sorria. Exclamou: “Eu sempre tive muito medo da morte. Hoje, não. Há dez meses que só penso nela em minhas meditações e há vinte e cinco anos que rezo todos os dias a São José a oração pedindo a graça de uma boa morte. Tenho certeza que fui ouvido”. E expirou placidamente.

Ó, invoquemos com todo o fervor ao Padroeiro dos agonizantes e à hora da morte veremos como ele nos há de valer!


EXEMPLO

Agonia de um bispo devotíssimo de São José

Foi Dom Epaminondas, 1.° Bispo de Taubaté, Estado de São Paulo. Este homem de Deus expirou em 29 de Junho de 1935 na Capital da República, onde se achava em tratamento. São José foi a sua grande devoção. E que devoção ardente ao Santo Patriarca! Dizia sorrindo:

Quero tanto a São José, e tanto mesmo, que às vezes me vem a ideia tola de que Nossa Senhora não há de gostar desta preferência!

Em todas as aflições, em todas as necessidades da diocese, o seu pensamento se voltava logo para São José. Repetia as palavras de Santa Teresa“Nunca recorri a São José, que ele não me tivesse socorrido!”.

O mês de Março o encantava! Era o mês do seu coração. Recitava com fervor as sete dores e sete alegrias de São José. Propagava milhares de santinhos com uma bela oração a São José para obter uma boa morte. Confiava ao santo a sua eterna salvação.

Sou pecador e tenho severas contas a prestar a Deus na minha morte, mas tenho confiança em São José, do qual espero alcançar a graça de uma santa morte.

Eram as expressões que sempre dele ouvíamos no mês de Março e na festa de São José.

Tinha a preocupação constante da perseverança final. Tudo fazia para obter do céu a graça de uma boa morte. Recorria então a São José. Mandou imprimir milhares de estampas de São José com a oração ao Santo Patriarca pedindo uma boa morte. Nunca deixava de as distribuir em profusão. E jamais o autor destas linhas e todos quantos tiveram a ventura de o assistir na hora da agonia, vimos morte tão bela e edificante!

Numa quarta-feira se manifestou a gravidade da moléstia: uma úlcera perfurada no duodeno. Hemorragias contínuas. Recebera, já há dias, a Extrema-Unção. À cabeceira da cama conservou três pequenas imagens: o Coração de Jesusa Virgem Imaculada e São José. Beijava-as a cada instante.

Sagrado Coração de Jesus, tende piedade de mim! Perdoai-me, eu Vos amo! São José, meu São José, meu protetor, protetor dos agonizantes, ajudai-me!

A dolorosa notícia da agonia de Dom Epaminondas fora transmitida à Diocese de Taubaté.

Desde a manhã de 27 de Junho começaram a chegar os seus padres queridos.

Recebia-os com o olhar cheio de ternura e com uma expressão de carinho.

Chamava-os: “os meus padres, os meus queridos padres”...

A casa, repleta de sacerdotes.

Quando as crises terríveis ameaçavam o piedoso agonizante, reuniam-se em torno do seu leito de oito a dez padres.

Exclamou: Que grande graça Deus me concedeu! Morrer cercado de padres e de meus padres e padres amigos!...

Como sofria!

Passio Christi, conforta me! – Paixão de Cristo, confortai-me! era o seu gemido contínuo.

Oito sacerdotes amigos cercavam o leito. Olhava-os com ternura de pai.

E repetia várias vezes:

Que graça! Morrer entre padres amigos... Quero muito bem aos meus padres...

Sossegou. Julgamos passado o perigo.

Uma hora depois, nova crise.

Pediu as imagenzinhas e a relíquia da Santa Teresinha. Beijava-as uma a uma, a repetir jaculatórias: Sagrado Coração de Jesus, tende piedade de mim! Maria Santíssima, minha Mãe, Refúgio dos pecadores, rogai por este pobre pecador! São José! São José! São José! Nesta minha última agonia, ajudai-me! Santa Teresinha, rogai, sim, rogai por mim!

E assim passou até às primeiras horas de 29 de Junho, sábado, o seu grande dia de filho da Virgem do Carmo.

Foi celebrada a Santa Missa ali no quarto vizinho. Assistiu-a do leito, a agonizar.

Estava exausto e o suor dos agonizantes lhe perolava a fronte.

Repetiu até expirar:

Sagrado Coração de Jesus, tende piedade de mim! Maria Santíssima, refúgio dos pecadores! São José! São José! Santa Teresinha! Meu São José!

Calou-se. Concentrou-se um instante. E depois, olhar vivo, bem diferente de um olhar de agonizante, contemplou a coroa de padres que lhe cercavam o leito. Fitou-os longamente. Balbuciou com dificuldade umas jaculatórias e expirou.

Oito sacerdotes de joelhos, soluçavam de dor e beijavam e regavam de lágrimas as mãos ungidas de seu Bispo, Pai e Benfeitor, ali estendido no leito de morte.

Um espetáculo comovedor!

Primeiras horas de sábado, 29 de Junho de 1935.

Eis a recompensa de longos anos de oração perseverante a São José, pedindo com fervor a graça de uma santa morte.

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