30 DE MARÇO
- JESUS, MARIA, JOSÉ -
A TRINDADE TERRESTRE
Jesus, Maria, José! Três nomes benditos,
a trindade da terra, imagem viva e perfeita da Santíssima Trindade do céu! Tudo
quanto se escreva e diga desta augustíssima trindade é pouco. Nem a teologia, a
ciência, a arte e a razão humana, diz o Padre Cantera (‘San José en el Plan Divino’), bastam para
explicar a excelência desta sociedade única na terra. Jesus, Maria e José são
as três fisionomias divinas que constituem e exprimem a ordem sobrenatural, os
três seres humanos que, por seus dons naturais, coroam e integram a criação.
São o ideal da verdade e da virtude nos céus e na terra. São o céu na terra, o
eterno no tempo, Deus no mundo. Jesus, Filho de Deus, Maria, Mãe de Jesus,
José, Esposo de Maria e Pai de Jesus. Existe porventura algo maior, mais sublime, mais excelso,
mais divino? A Sagrada Família resume os pensamentos eternos de Deus; as
maravilhas do seu poder, as efusões do seu amor. É o centro do plano divino e
também o seu princípio e o seu termo: Três, diz São João, os que dão
testemunho no céu: o Padre, o Verbo e o Espírito Santo. Os três são um (Epist. – I, V, 7).
De certo modo também podemos afirmar,
diz o piedoso Pe. Sauvé (‘Saint Joseph intime’), que são três os que dão testemunho
na terra: Jesus, Maria e José, e os três são uma só alma e um só coração. Bem
podemos saudar em todas as uniões angélicas, em todas as uniões santas da
terra, em todas as amizades santas e puras as pálidas mas admiráveis figuras
daquela união, daquela amizade superangélica de Maria e de José, e por meio
dela a união adorável do Verbo e da sua Humanidade. Jesus, Maria e José! São
três corações inseparáveis; formam uma sociedade única e individual, uma
família completa. Era uma família digníssima, comenta Cornélio Alapide, uma família celestial
na qual o chefe e pai de família era São José, mãe de família a Virgem e o
filho Jesus Cristo (In cap. I, Mat. V, 16).
O Pai Eterno deu a José os direitos de
Pai sobre o seu Filho Unigênito, o fez participante da Paternidade Divina. O
Filho, Jesus Cristo, o chamou de Pai e o Espírito Santo o escolheu para esposo
de sua Esposa. São José, depois de Maria, é a criatura mais unida à Santíssima
Trindade. Dois mistérios: um celeste e um terrestre. O mistério da Trindade
Santíssima: Padre, Filho e Espírito Santo; e o mistério terrestre: Jesus, Maria
e José. Duplo penhor de amor e misericórdia para com os homens, diz um autor ( P. Mercier – ‘Saint Joseph’): O primeiro, preparado na eternidade
– Padre, Filho e Espírito Santo. O segundo, no templo – Jesus, Maria e José! O
que Deus uniu não se pode separar. Não separemos, então, em nosso amor e
devoção, Jesus, Maria e José.
NAS ESCRITURAS
O Evangelho nos mostra como estavam
sempre unidos Jesus, Maria e José. O Espírito Santo não separa, em muitas
passagens, esses nomes benditos. São Mateus descreve a genealogia do Salvador: Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus (Mat. I, 16).
O anjo apareceu em sonhos a José,
dizendo: José, Filho de David, não temas receber Maria tua Esposa, porque o
que nela nasceu é do Espírito Santo (Mat. II, 20). Aí estão Jesus, o que nasceu do
Espírito Santo, José e Maria.
Os pastores vieram depressa a adorar o recém-nascido de Belém. E o Evangelista diz: Os
pastores vieram depressa e encontraram Maria, José e o Menino colocado no
presépio (Lucas II, 16).
Vieram depois os reis do Oriente e
encontraram Maria, o Menino e José: Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe, e vai
à terra de Israel (Mat. II, 13).
Mais tarde, diz ainda o Evangelista: Desceu Jesus com Maria e José e veio à Nazaré e lhes estava submisso (Lucas II, 51).
Enfim, as Escrituras Sagradas unem os
três nomes: Jesus, Maria e José. Não é a voz do Espírito Santo a nos dizer que
nunca separemos em nosso amor os nomes da Trindade terrestre, imagem da
Trindade celeste? Piedosos e eruditos autores, como Lépicier, Vives y Tuto e
outros, encontram, nas Escrituras, tocantes e belos símbolos da Trindade
terrestre. No paraíso terrestre, onde nossos primeiros pais viveram na
inocência e na santidade, estava plantada a Árvore da vida regada pelas águas;
era guardado o jardim por um anjo. Maria é o Paraíso, Jesus, a Árvore da vida,
e José, o Querubim que guardava o Paraíso e a Árvore.
Maria é a Pomba mística da Arca de Noé;
Jesus, o Ramo de oliveira, e José, o verdadeiro Noé que introduziu na arca
deste mundo Maria e Jesus, Ramo de oliveira da paz, o Príncipe da paz. Se José
é a raiz de Jessé, Maria é o ramo, Jesus a flor. Se Maria é comparada à lua, ut luna, e Jesus o Sol da Justiça, José é a estrela. Se Jesus é a Arca do
Novo Testamento, Maria é o Santo dos santos e José o Véu que oculta no templo a
Arca Sagrada, pois não foi ele o véu no mistério da Encarnação? Jesus é o
Propiciatório do Novo Testamento; Maria e José os dois Querubins que estendem
sobre a Arca as asas do seu amor ardente. Exclamava o piedoso Gerson: Ó bela,
amável e Santa Trindade de Jesus, Maria e José! Unidos pelo amor inviolável e
sublime, sois dignos verdadeiramente dos louvores, oferendas e adorações do céu
e da terra.
Jesus, Maria e José! Nomes de majestade
e de glória!
Felizes, na vida e na morte, os que sempre
os invocam!
EXEMPLO
- São José protege a infância -
Em 1631 abriu-se uma vasta cratera no
Vesúvio, formando uma onda enorme de fogo e de cinzas. Como um rio que
transborda, a lava abrasadora cobre as aldeias vizinhas e, sobremaneira, o
lugar chamado ‘Torre del Greco’. Neste vilarejo residia uma piedosa mulher
chamada Camila. Distinguia-se pela devoção a São José. Morava com ela uma
criança de cinco anos, seu sobrinho, chamado José. Para fugir à onda de fogo,
tomou nos braços o pequenino e se pôs a correr desesperada. Entretanto, chega
um instante em que se vê na iminência de perecer. De um lado, um rochedo
enorme, e do outro, o mar. Ou se atirava na água e morreria afogada, ou seria
consumida pela onda de fogo que se aproximava rapidamente. Lembrou-se, nesta
hora aflita, do seu grande protetor e não perdeu a confiança.
- Meu São José, brada ela, não me
importa a vida! Salvai, porém, esta criança, que traz vosso nome.
E, sem mais esperar, deixa a criancinha
sobre uma rocha e se atira para o lado do mar. Por felicidade caiu numa praia
estreita, aonde uma camada de areia branca a protegeu. Apesar da altura em que
se precipitou, não se feriu. Estava salva! E a criancinha? Foi então que, no
auge da dor, gritava:
- Pobre criança! Devorada pelas
lavas!...
Chorava ainda quando ouviu chama-la.
Era a voz do pequenino José, são e salvo, alegre, a pular na areia.
- Meu filho! Meu filho! brada Camila,
apertando contra o peito a criança. Como escapou do fogo e da morte?
- São José me salvou. Aquele São José a
quem rezamos todos os dias. Apareceu-me, tomou-me pela mão e aqui cheguei.
O fogo havia passado pelo rochedo. Era
impossível a criança ter se salvado sem um milagre. Camila mais de uma vez aí
mesmo se prostrou com o pequenino para agradecerem, comovidos, a incomparável
graça alcançada por São José.
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