- PREDESTINAÇÃO DE SÃO JOSÉ -
QUE É A PREDESTINAÇÃO DO SANTO PATRIARCA?
A predestinação, define-a São Tomás de Aquino, é a eterna preordenação de todas as coisas que com a graça de Deus devem acontecer no tempo (111 – P. R. XXXII – art. 1.°).
É o que Deus desde toda a eternidade determina, o que há de acontecer em ordem à salvação eterna. Em outras palavras: - é a razão que existe na mente divina de quantas disposições sejam necessárias para que a criatura racional consiga a vida eterna. Entre tantos homens que hão de passar pela terra, Deus desde toda a eternidade predestinou um, escolheu-o com amor para uma nobilíssima e sublime missão – ser Esposo da Virgem que daria ao mundo o Salvador.
O Deus onipotente, disse Pio IX, escolheu entre todos os Santos o ínclito Patriarca São José para que fosse na terra puríssimo e verdadeiro Esposo da Imaculada Virgem Maria e Pai Putativo de seu Filho Unigênito. E para que desempenhasse dignamente tão sublime ofício, o enriqueceu e cumulou de graças e privilégios singulares (Litt. Apost. Inclitum – 7 Julho 1871).
Maria não seria Mãe de Jesus pela obra e a graça do Espírito Santo no mistério da encarnação, sem a sombra, o véu deste mistério como o véu do templo, o grande São José. E é assim que no plano Divino da Redenção entra São José como um fator necessário, condição indispensável de certo modo para o nascimento de Jesus. O Evangelho não fala de Maria sem nomear José inúmeras vezes. Foram predestinados juntos para a obra da Redenção.
A honra e o nome de Maria e seu Divino Filho exigiam o matrimônio de Maria e de José. Podemos, pois, afirmar, diz o Padre Cantera, de certo modo, sem São José não era possível a Redenção de Cristo. A graça divina juntou no tempo Jesus, Maria e José, onde ordenou tudo quanto fizeram para execução da obra redentora. Logo, estiveram unidos na predestinação eterna (San José nel plan divino).
Escreve São Francisco de Sales: “Tendo Deus Nosso Senhor destinado desde toda eternidade que uma Virgem concebesse um Filho e este seria Deus e Homem, quis que esta Virgem fosse casada. São José não foi mais que a sombra sobre o mistério da Encarnação. Ó, como foi doce a união entre Nossa Senhora e São José! União que fazia com que aquele bem dos bens que é Nosso Senhor, pertencesse a São José como pertencia a Maria. Não segundo a natureza, mas segundo a graça, que o tornara participante de todos os tesouros da sua casta Esposa” (Oeuvres complets – T. 111). Esta doutrina é contida na Escritura e é conforme ao que ensinam os Padres da Igreja e os melhores teólogos.
PREDESTINADO COM MARIA
Maria estava predestinada desde toda eternidade a ser Mãe do Verbo Encarnado. E como havia de nascer Jesus de uma Virgem desposada, este Esposo predestinado com Maria foi São José. José vive no pensamento eterno da Divindade junto com o Verbo feito Homem e de Maria, Mãe de Deus, da qual seria o esposo Virginal. Um homem estava também no decreto da Encarnação. Era necessário uma mulher, diz o Padre Cantera (San José nel plan divino), para dar a carne sagrada que seria vítima de imolação pelo mundo pecador. E era necessário um homem para que o nascimento de Cristo se desse com a devida decência, fosse velado o mistério aos olhos dos homens e pudesse prover as necessidades da família. Ninguém, depois de Maria, contribuiu tão poderosamente como São José para sustentar, conservar a Santa Humanidade de Jesus e ajudá-lo a realizar a obra Redentora. Coisa maravilhosa, exclama um erudito autor (La Vièrge Marie dans le plan divin); pode-se afirmar que o humilde São José foi associado a Deus Pai, ao seu Filho Único e à Santíssima Virgem para cooperar com os três na Redenção do mundo, preparando-nos um Salvador que se imolasse por nosso bem. Deus Pai deu a Divindade a seu Filho, a Santíssima Virgem deu-lhe a Humanidade Santíssima, formando-a em seu ventre puríssimo e sustentando-a na infância com o leite materno. Essa Humanidade para crescer e chegar às forças da idade viril, para se imolar na cruz por nós, quem a sustentou com o suor do seu rosto e as fadigas do trabalho de pobre? Foi São José. As três pessoas – Jesus, Maria e José – estavam ordenados para o mistério da Redenção, constituem um todo indivisível e completo. Jesus, causa eficiente da Redenção, cabeça dos predestinados, o primeiro em dignidade e excelência; Maria, causa instrumental da Redenção, e finalmente São José, causa ministerial, cooperador, a nuvem milagrosa que envolve o Filho e a Mãe.
Eis a razão de ser da glória de São José, a origem da sua grandeza. Pois se São José foi predestinado depois de Maria, sobrepuja em glória a todos os Santos e a todas as criaturas. Não há palavra humana, diz Gerson, que possa exprimir os louvores e prerrogativas de São José. Nem os homens nem os anjos podem exprimi-las (Ofic. de Conjugio Joseph et Mariae).
EXEMPLO
Grandes devotos de São José
O célebre Cardeal de Berulle, que tanto se distinguiu pela piedade e a ciência, era devoto fervoroso de São José. Uma graça pedia sempre ao grande Santo: a de uma boa morte. Na última enfermidade, ao celebrar a Santa Missa, caiu desfalecido nos degraus do altar. Os discípulos fiéis o acudiram, fizeram-no sentar diante do Tabernáculo e lá, aos pés do Altar e de Jesus Sacramentado, recebeu os últimos sacramentos e se ofereceu como vítima a Nosso Senhor, repetindo os nomes benditos de Jesus, Maria e José. Expirou poucos instantes depois, cheio de gratidão para com seu protetor São José, por lhe ter dado não só a graça de uma boa morte, mas a de morrer junto do altar, com Jesus e diante de Jesus Sacramentado.
Outro servo de Deus, o Venerável Alexis de Vigenano, estava no leito de agonia, quando em êxtase de amor chamou o enfermeiro: - Acenda muitas velas neste quarto, vamos... vamos...
- Por que velas acesas? Perguntam-lhe.
- Devo receber neste instante a visita de Maria Santíssima e de meu Pai querido, São José. Vamos recebê-los com toda piedade. Pouco depois dizia aos circunstantes: - de joelhos! de joelhos! Aí estão nossos hóspedes do céu. O rosto do servo de Deus se iluminou e num instante abrasado do Divino amor, expirou com o doce sorriso dos justos. Era a 19 de Março, festa de São José. Fora celebrar no céu as glórias do seu Patrono.
O Venerável Olier, fundador do célebre Seminário de São Sulpício, fora grande devoto do Santo Patriarca. Honrava a São José porque via no Pai Putativo de Jesus um belo modelo de quem traz Jesus nas mãos no mistério Eucarístico.
José, dizia ele, trouxe Jesus consigo, foi guia de Jesus. Eu também levo Jesus comigo. Quisera amar e servir a Nosso Senhor como o fez São José.
Deixou como tradição nos seminários o culto do Santo Esposo de Maria.
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