25 DE MARÇO
- AS LADAINHAS DE SÃO JOSÉ -
AS LADAINHAS DE SÃO JOSÉ
As ladainhas ou louvores são fórmulas
de devoção edificantes e ajudam-nos a afervorar a nossa piedade. Repetimos com
os lábios o que desejamos que se nos grave no coração. A Igreja inúmeras vezes,
na sua liturgia, recorre à fórmula precatória das ladainhas. São Francisco de
Sales escrevera para Santa Joana de Chantal uma piedosa ladainha ao Santo
Patriarca e recomendava, com instância, esta forma de invocações ao grande
santo como das mais agradáveis e tocantes.
E, na verdade, como incentiva a nossa
devoção repetir os belos títulos de glória e os privilégios doSanto Esposo de
Maria! Outrora apareceram inúmeras ladainhas de São José, variadas e belas,
destinadas à devoção particular. A Igreja depois incluiu entre as ladainhas aprovadas
para todo orbe católico e para serem recitadas em público, as ladainhas de São
José, numa fórmula já consagrada e aprovada definitivamente. Lucram-se cinco
anos de indulgência e plenária uma vez por mês recitando-a todos os dias (P. P.
O. – 462).
Procuremos recitá-las sempre com
fervor. Ajudam tanto a crescer em nossa alma a devoção a São José! A Santa
Igreja a colocou entre as principais ladainhas e a enriqueceu de indulgências.
Vamos rezá-las pelo menos todas as quartas-feiras. São João Batista de La
Salle, fundador da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs, pôs todas as
suas obras maravilhosas sob a proteção de São José. Recomendava muito a seus
Irmãos que honrassem cada dia o Santo Patriarca. Mandou que recitassem todos,
Irmãos e alunos, as ladainhas de São José todos os dias para alcançarem a graça
da imitação das virtudes do santo. São José mostrou que lhe era agradável esta
piedade filial e carinhosa. O Santo Fundador das Escolas caiu doente gravemente
e celebrou a Santa Missa, ainda com dificuldade, no dia de São José, 19 de
Março. E poucos dias depois expirou suavemente como um santo. Hoje a sua obra
floresce em todo o mundo e ele foi elevado às honras dos altares.
É um meio poderoso para aumentar nossa
devoção ao Santo Patriarca, recitar todos os dias, sendo possível, a fórmula
tão bela dos seus louvores. Nas aflições, nos perigos, nas horas em que
tivermos necessidade de uma proteção especial de São José, recitemos com pausa
e reflexão as suas ladainhas. Elas inspiram tanta confiança!
AS INVOCAÇÕES DAS LADAINHAS
Elas têm sido comentadas por piedosos
autores e encerram muito assunto para a nossa meditação. Depois dos Kiries e
das súplicas tocantes à Trindade Santíssima, e a invocação de Maria, vem o nome
bendito: São José, rogai por nós!
A glória do santo foi ter sido da
família do Salvador ilustre descendente de Davi e tão grande que foi pela sua
pureza e santidade e pela missão que desempenhou verdadeira luz dos
Patriarcas. Ilustre descendente de Davi.
Luz dos Patriarcas.
Proles David inclyta.
Lumen Patriarcarum.
Seguem-se cinco títulos de glória, que
exprimem a missão sublime que fez do grande santo o maior e o mais
extraordinário dentre os eleitos. Aqui está propriamente a glória e a missão de
São José:
Esposo da Mãe de Deus.
Guarda da Virgem Pura.
Sustentáculo do Filho de Deus.
Insigne defensor de Cristo.
Chefe da Sagrada Família.
Louvada a missão do grande Patriarca,
passamos aos louvores de suas virtudes:
José Justíssimo.
José Castíssimo.
José Prudentíssimo.
José Fortíssimo.
José Obedientíssimo.
José Fidelíssimo.
Espelho de paciência.
Amante da pobreza.
Todas as virtudes heroicas e sublimes
de São José nos vêm à lembrança e sentimos necessidade de pedi-las para nossa
imitação. A terceira série de invocações se refere ao Patrocínio valioso do
Santo Esposo de Maria.
Os operários o chamam: Exemplar
opificum – modelo dos operários. As famílias o chamam: Domestice vitae decus – honra da vida doméstica. As virgens, al almas desejosas da castidade: Custos
virginum – guarda das virgens. Os pais aflitos bradam: Amparo das famílias,
rogai por nós! – Familiarum columem. Os pobres, os miseráveis, todos os que
padecem neste vale de lágrimas: Solatium miserorum – consolo dos infelizes,
dos miseráveis. Os doentes suplicam: Esperança dos enfermos – Spes
aegrotantium. Os pobres agonizantes e todos os que esperam uma boa morte e a
graça da perseverança final: Patrone morientium – Padroeiro dos agonizantes,
rogai por nós! Com que fé ardente devemos repetir esta invocação cada dia! O
inferno nos quer perder. Salve-nos, São José! Terror daemonum – Terror dos
demônios! Enfim, toda a Igreja o invoca: Protector Sanctae Ecclesiae! Protetor da Santa Igreja!
Vede como são belas e fervorosas as
invocações das ladainhas de São José!
EXEMPLO
- São José e a confiança dos
pobres -
São José é bom ecônomo. Toda
instituição ou obra, entregue ao chefe e provedor da Sagrada Família, jamais
perece. Poderá sofrer dificuldades, mas a confiança no querido patrono a salva
de todo perigo. Uma Congregação religiosa de Flandres, as Pequenas Irmãzinhas
dos Pobres, conta o Pe. Millot em seu ‘Tresor d’Histoires’, nomeou São José
seu provedor de todas as casas.
Estabeleceram um Asilo de mendigos e
velhos. Um dia, a Irmã da despensa notou que a manteiga já não existia mais nos
potes. Naquela região é um alimento de necessidade e preferem passar sem pão
que sem manteiga. Os velhinhos ficaram desolados. Haviam pedido tanto a São
José que nada lhe deixasse faltar no Asilo, principalmente a manteiga! Alguns
mais caducos faltavam mesmo à reverência ao santo, em queixas bem amargas. A
boa Madre Superiora, alma simples e caridosa, não perdeu a confiança. Ao ver
que nem o dinheiro nem a manteiga apareciam, imaginou um expediente devoto,
para tocar o coração de São José. Mandou que alguns velhos trouxessem da capela
a imagem de São José e a transportassem em procissão, entre velas acesas, até à
despensa. Lá, colocam a imagem entre os potes de manteiga vazios e acendem duas
velas. “Pois”, diziam eles, “São José não volta para a capela enquanto não nos
socorrer!”. E puseram-se a rezar, em turmas sucessivas, ante aquele altar
improvisado e original. Chega a noite e... os potes vazios! Alguns velhos, de
vez em quando, olhavam curiosos para dentro dos potes e sacudiam a cabeça,
desolados: “Nada! Nada! São José não mandou até agora a manteiga!”. Julgavam
que, por milagre, os potes se haviam de encher sozinhos. À noite, foram se
deitar sem manteiga. No dia seguinte, logo pela madrugada, acendem de novo as
velas e recomeçam as orações e a guarda de São José, entre os potes vazios. Mal
se abriram, de manhã, as portas do Asilo e um capitalista da cidade se
apresenta à Madre Superiora, dizendo:
- Madre, aqui venho pela primeira vez.
Não conheço o Asilo e sou obrigado hoje a visita-lo.
- Obrigado?! Pergunta a religiosa algo
surpreendida.
- Sim. Durante esta noite toda sonhei
com esta casa, com os velhos, e alguém me repetia: “É preciso visitar o Asilo!
Depressa, visita o Asilo!” E nisto passei toda a noite em sonhos que me
importunaram. Levantei-me e aqui estou. Permita-me uma visita ao
estabelecimento.
A Superiora leva-o à capela, aos
salões, dormitórios e demais dependências. Chegam à despensa. Lá estavam os
velhos, em oração, diante de São José e dos potes vazios.
- Que é isto, Madre Superiora?
- Os velhinhos imploram a São José um
pouco de manteiga para os potes vazios. Desde ontem rezam sempre.
O capitalista riu-se e depois exclamou,
algo impressionado:
- Agora compreendo porque sonhei tanto
esta noite e porque me diziam: ‘É preciso visitar o Asilo!’. São José me trouxe
aqui. Pois mandem encher os potes de boa manteiga e pagarei as despesas. Não
deixem faltar manteiga para os velhos.
Os velhinhos, felizes, e as boas irmãs,
de joelhos, agradeceram o favor a São José.
- Agora você pode voltar para a capela!
Muito agradecido, meu São José! Murmurou um dos velhos, ingenuamente.
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