- RESSURREIÇÃO DE SÃO JOSÉ -
OPINIÃO DOS DOUTORES SAGRADOS
Diz o Evangelho que, por ocasião da morte de Nosso Senhor na cruz, o véu do Templo rasgou-se de alto a baixo em duas partes, a terra tremeu, as pedras se partiram. As sepulturas se abriram e muitos corpos de santos que estavam dormindo o sono da morte ressuscitaram. E saindo dos monumentos depois da ressurreição, entraram na cidade santa e apareceram a muitos (Mat. XXVII – 51,53).
Como se deu esta ressurreição? Segundo a opinião de Santo Tomás de Aquino, São Jerônimo, Orígenes e muitos outros intérpretes da Escritura, não foram apenas aparições de mortos, mas verdadeiros corpos ressuscitados, antecipando a ressurreição da carne antes do Juízo. Era conveniente, disse Santo Tomás, que, livres dos laços da morte, fossem testemunhas da ressurreição de Jesus e o acompanhassem na glória do céu. Não voltaram ao silêncio dos túmulos, mas foram com Cristo à glória celeste.
Ora, entre os ressuscitados não podia faltar, em primeiro lugar, o Santo Patriarca, Esposo de Maria. Fora o mais privilegiado e o maior dos santos.
Deveria ser preferido aos outros na participação dos frutos da Redenção do Salvador.
Se aqueles mortos ressuscitaram, para dar testemunho da divindade de Jesus, quem mais do que São José poderia dar provas desta divindade?
Nota o ilustrado exegeta Knabenbauer que os que ressuscitaram na morte de Cristo não foram justos antigos, que ninguém conhecia e nos quais ninguém poderia acreditar, mas justos falecidos recentemente, para que pudessem ser reconhecidos. Ora, ninguém mais conhecido que São José, tantas vezes lembrado pelo povo quando falava de Jesus: “Não é este o Filho do carpinteiro?”.
São Francisco de Sales escreve: “Não devemos duvidar que São José goza de singular poder junto dAquele que o levou ao céu em corpo e alma. Como poderia Deus negar este privilégio a São José?”. Cartagena, Seldmayr e quase todos os teólogos josefinos afirmam esta consoladora verdade: São José ressuscitou. O sábio Pontífice Bento XIV afirma que se pode crer piedosamente na ressurreição de São José.
SÃO JOSÉ EM CORPO E ALMA NO CÉU
Diz São Bernardino de Sena: o Filho de Deus, Jesus Cristo, honrou a seu Pai adotivo com o mesmo privilégio que sua Mãe Santíssima, de tal maneira que assim como Maria subiu aos céus gloriosa em corpo e alma, assim também no dia da sua ressurreição levou consigo o santíssimo José, a fim de que os que neste mundo participaram dos mesmos trabalhos e graças, reinassem no céu em corpo e alma, cumprindo-se o que diz o Apóstolo: Se sois companheiros nos trabalhos, o sereis na consolação.
São José, diz Gerson, foi colocado no céu ao lado de Jesus e tomou posse dos tesouros de seu Filho. Dizemos de Maria que o seu corpo virginal, que mereceu a honra de trazer o próprio Deus como num sacrário puríssimo e imaculado, não podia conhecer a corrupção do túmulo. Hoje é dogma de fé a assunção gloriosa de Maria. Ora, quem depois de Maria teve maior e mais íntimas relações com Jesus, o Verbo Encarnado, que o Santo Patriarca?
São José sustentou, alimentou com o trabalho e o suor do seu rosto e nas fadigas do pobre corpo, ao próprio Deus humanado. Este corpo que padeceu e lutou por Jesus Cristo, corpo virginal, o mais perfeito depois do de Maria, por certo havia de ser glorificado com o privilégio da ressurreição. Se Elias é arrebatado com carro de fogo aos céus, José, que ardia no fogo do divino Amor, não seria preservado da corrupção da sepultura? Não é absolutamente nem temerária, nem sem bom fundamento a ressurreição do Santo Esposo de Maria. Deus conserva tantas vezes incorrupto o corpo de alguns santos, e honra-o com privilégios celestiais, odores, milagres e prodígio admiráveis de que temos notícia! Não havia de glorificar, pela ressurreição, o corpo virginal do santíssimo José? Repugna à nossa piedade, ao nosso amor ao Santo Patriarca a ideia de que tenha ele conhecido a podridão de um sepulcro. Ó, cremos firmemente que no céu com Jesus e Maria, em corpo e alma, está nosso querido São José ressuscitado à espera de nossa ressurreição no dia do Juízo!
EXEMPLO
Conformidade admirável
Conta o Pe. Saintrain, C.SS.R., mais este exemplo: Uma epidemia devastava toda uma região da França. Sofriam principalmente os pobres que morriam abandonados. Um padre caridoso entra numa miserável mansarda onde, vítima da peste, agonizava um velho piedoso.
- Coragem, meu filho, paciência! Nosso Senhor lhe dará força para suportar tanto sofrimento. Sofre muito, não é?
- Não, meu querido padre, não sofro muito, e quer saber por quê? Tomei São José por meu padroeiro e meu modelo. Nunca me queixo de minha sorte. Trabalhei muito em minha vida, sofri demais, porém nunca desanimei. Quando pensava em meu São José, ó, tudo era fácil, tudo era doce! Sou carpinteiro, suei, trabalhei, lutei na pobreza como São José. Pensava nele dia e noite. Não tenho medo da morte. E se recobrasse a saúde, desejaria continuar a viver sofrendo como antes e sempre pobre.
O padre, admirado, pergunta-lhe:
- E está conformado em deixar esta vida?
- Sim, meu padre, seja porém o que Deus quiser! Dou graças a Deus pela minha vida toda e estou pronto para a morte. Sinto que a morte aí vem. Adeus, adeus...
E após haver recebido os sacramentos, expirou placidamente, como o justo.
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