31 DE MARÇO
- PRÁTICAS DE DEVOÇÃO A SÃO JOSÉ -
PRÁTICA DA IMITAÇÃO
A devoção a São José é de uma grande
riqueza e variedade de formas. É certo que esta devoção, tão bela, nunca deve
estar separada em nós da verdadeira devoção a Jesus e Maria. Façamos, pois, com
que a invocação do nome do Santo Esposo de Maria e a sua lembrança, cada dia, a
cada hora, em todas as circunstâncias de nossa vida sempre nos acompanhem. O
conselho de Santa Teresa é de uma eficácia maravilhosa: Recorrei a São José!
Confiai em São José! Nunca haveis de recorrer em vão a São José!. Pois o meio
de incentivar e sustentar em nossa alma a chama de uma devoção fervorosa, é a
fidelidade a algumas práticas que a experiência de alguns séculos e de tantas
almas santas prova serem meios poderosos para se alcançar a proteção do maior
dos santos.
Em primeiro lugar a imitação – Glória
sanctorum imitatio eorum – a glória dos santos está na imitação de suas
virtudes.
Os santos são heróis para serem
imitados e não apenas admirados. É verdade que nossa fraqueza nem sempre
permite chegar àquele heroísmo e aos prodígios de virtude, de penitências
extraordinárias de alguns deles. São José, porém, é mestre de uma escola de
santidade, bem acessível à nossa pobre alma. Ensina-nos que, para agradar e
servir a Jesus, não é mister fazer prodígios. Basta ser puro e simples, cumprir
fielmente o dever de cada dia, custe o que custar, aceitar pacientemente a
vontade de Deus nos sofrimentos, obedecer em tudo a lei divina e ter a mais
pura das intenções. São José foi pobre operário, esposo fidelíssimo, pai
amoroso de Jesus. Viveu no silêncio e no trabalho. O santo do dever. Quem não o
pode imitar? Se não merecemos a glória e os privilégios do grande Patriarca,
podemos merecer a graça de imitá-lo. Os Santos Padres Leão XIII e Pio IX
apresentam São José à cristandade como modelo a ser imitado. Modelo de pai,
consolo para as mães atribuladas na luta pela educação dos filhos. Modelo para
a juventude pela pureza mais do que angélica com que Deus o adornou. Modelo dos
operários pela fidelidade e honestidade do trabalho santificado e nobilitado na
oficina de Nazaré. Modelo para os sacerdotes, pois José participou da realeza
do sacerdócio. Teve em suas mãos o Verbo Encarnado, como o sacerdote tem no
altar o Verbo de Deus feito pão. As almas consagradas a Deus no claustro e em
todas as variadas atividades da vida religiosa. Que modelo de perfeição
evangélica, de pobreza, obediência e castidade dos santos votos!
Enfim, São José não pode ser melhor
honrado, que imitado.
PRÁTICA DAS ‘DEVOÇÕES’
As práticas devotas estimulam nosso
fervor. Há uma verdadeira riqueza destas práticas em honra de São José. Não é
mister abraçá-las todas com prejuízo do dever, como o faz uma devoção sem critério
e mal entendida. Todavia não pode haver um cristão, por mais sobrecarregado de
ocupações e trabalhos pela luta da vida, que não possa cada dia invocar a São
José e lembrar-se do seu Santo Patrono com qualquer prática devota, por mais
simples que seja. Uma oração, uma jaculatória a São José pela manhã e à noite,
uma Ave Maria em sua honra, trazer consigo uma medalha e beijá-la às vezes, uma
visita à imagem de São José, uma flor, um obséquio devoto – quem não pode tomar
qualquer destes pequenos atos de devoção e ser fiel a eles?
Da devoção a São José como da devoção a
Maria pode-se afirmar o que dizem os Santos Padres, e a experiência o tem
provado mil vezes: nada ficará sem recompensa, e o mais poderoso dos santos e o
mais terno dos pais jamais deixará de socorrer um dos seus devotos, seja o
maior e o mais miserável dos pecadores. Quantos prodígios, conversões e
milagres se contam como frutos, às vezes, de pequeninas e singelas práticas de
devoção a São José?
Celebremos cada ano, com todo fervor,
as duas festas litúrgicas do Santo Esposo de Maria: a de 1.° de Maio e a do Patrocínio. Uma novena bem fervorosa e pelo menos
uma santa comunhão e a assistência à Santa Missa. Todas as quartas-feiras, se
pudermos, recitemos as Sete dores e sete alegrias. Que prática tão eficaz
para obter a proteção do céu! Seja, cada quarta-feira, o “nosso dia” de São José. Façamos, neste dia, alguma esmola, alguma boa
obra em honra do grande santo. Incentivemos no seio da família esta devoção,
procurando ter em lugar de honra, também entronizada no lar, a imagem de São José
ou da Sagrada Família. Os pais transmitam aos filhos a herança de uma fervorosa
devoção a São José. Não desprezemos, por respeito humano, qualquer meio que nos
leve a cultivar esta rica e bela devoção. O escapulário de São José, hoje tão
propagado e miraculoso, por que não o procurar e trazer ao peito? Ou o cordão
bento, de que falamos? Enfim, tudo quanto nos leve a uma união estreita de amor
e fidelidade ao querido e poderoso São José, não desprezemos; não façamos como
estes “espíritos fortes” ou como estes modernos cristocêntricos que se afastam de Maria, dos santos e
das práticas devotas da tradição católica por orgulho ou por uma falsa
compreensão desta verdade, desta realidade consoladora: Tudo a Jesus por Maria,
tudo a Maria por José!
EXEMPLO
- São José e os viajantes -
O piedoso fundador Pe. Chevalier
invocava a São José em todas as dificuldades e aflições, e nunca foi desiludido
em sua grande confiança.
Celebrava-se a festa do Patrocínio de
São José e o santo homem viajava na Espanha, em trabalhos apostólicos.
Dirigia-se para Madrid atravessando a montanha perigosa de Mala Cabrera. Esta
montanha era famosa pelos enormes crimes de bandoleiros e salteadores que a
infestavam. Era toda semeada de cruzes a indicar mortes, tragédias e
assassinatos. No mais perigoso trecho – de um lado a montanha íngreme e de
outro um abismo –, dois bandidos assaltaram o carro do Pe. Chevalier. Um segura
as rédeas do animal e o outro, de pé no rochedo, ameaça e exige dinheiro e
malas. O bom padre estremece, mas não perde a confiança em São José.
Recomenda-se fervorosamente ao Santo Protetor, abre a bolsa, tira duas moedas
de prata e entrega-as ao bandido. Este sacode a cabeça, hesita, sorri, ordena
ao outro que largue as rédeas dos animais, despedem-se e desaparecem ambos pela
montanha.
O padre, salvo pela proteção de São
José, narrava este prodígio, profundamente grato.
Outro sacerdote, desde o dia de sua
ordenação, consagrava-se a São José ao empreender qualquer viagem. Dizia, após
longos anos de vida:
- Nunca deixei de experimentar a doce
proteção deste Santo Patrono, nos maiores perigos e nas situações mais
angustiosas. Estive diante da morte iminente por duas vezes. Vi mortes ao meu
lado e escapei ileso, graças a São José.
Marinheiros contam, maravilhados,
graças do céu nos perigos de viagens e nas tempestades, graças essa obtidas
pela invocação de São José.